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Novas estratégias mudam perspectivas do tratamento do câncer de mama

Inovação em medicamentos e possibilidade de reduzir a intensidade de tratamentos mais invasivos estão entre propostas para lutar contra a doença

Por Antonio Carlos Buzaid e Jéssica Ribeiro Gomes
Atualizado em 9 Maio 2024, 12h17 - Publicado em 17 abr 2024, 08h00

Nos últimos anos, presenciamos avanços importantes no tratamento do câncer de mama. E não parou por aí. Várias estratégias novas vêm sendo estudadas, algumas já mostrando grande potencial e podendo se tornar parte do tratamento em breve. Vamos dar uma olhada em algumas dessas promessas.

Uma das grandes expectativas é a possibilidade de, futuramente, poder incluir a imunoterapia no tratamento do câncer de mama luminal (aquele com expressão de receptores hormonais e sem a proteína HER-2). Isso porque atualmente ela é indicada apenas para o tumor triplo-negativo (sem receptores hormonais e sem o HER-2). Assim, respostas muito promissoras estão sendo observadas com a combinação de imunoterapia e quimioterapia, feita antes da cirurgia da mama, em mulheres com câncer luminal localizado de alto risco.

É claro que os resultados definitivos desses estudos são muito aguardados. Precisamos saber se a imunoterapia vai, de fato, contribuir para a cura dessas pacientes. Por enquanto, então, seu uso está disponível apenas na pesquisa clínica.

Outra perspectiva importante é a melhora do tratamento anti-hormonal após a cirurgia da mama. Hoje, um grupo restrito de mulheres com uma doença localizada afetando os gânglios da axila pode receber um medicamento especial chamado abemaciclibe, para aumentar as
suas chances de cura.

Como novidade, um outro remédio, com ação similar, chamado ribociclibe, vem mostrando resultados favoráveis em um grupo ainda maior de pacientes, incluindo aquelas sem gânglios comprometidos. Em breve, teremos resultados consolidados para confirmar o seu impacto na cura dessas mulheres.

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Mas não são apenas os medicamentos que estão evoluindo na doença inicial, e sim também a cirurgia e a radioterapia. Sabemos agora que podemos reduzir a intensidade desses tratamentos em situações específicas, sem comprometer a cura. Por exemplo, mulheres com poucos gânglios linfáticos acometidos na axila (detectados apenas com cirurgia) podem ser tratadas de forma menos invasiva, sem a remoção excessiva de vários gânglios.

Por outro lado, pacientes com excelentes respostas à quimioterapia pré cirurgia podem não precisar de radioterapia para a região da axila. Esses avanços são muito importantes porque reduzem a toxicidade dos tratamentos, como o risco de linfedema (inchaço do braço por dano linfático), sem prejudicar a cura.

Por fim, no câncer avançado, com disseminação para outros órgãos, novos medicamentos estão sempre sendo estudados. É o caso do datopotamabe-deruxtecana e do capivarsetibe. Este último foi aprovado recentemente nos Estados Unidos para o tratamento da doença avançada em mulheres com tumor luminal contendo genes mutados no PIK3CA, AKT e PTEN. Deve ser aprovado no Brasil em futuro próximo.

Em suma, o tratamento do câncer de mama vem evoluindo, com várias estratégias promissoras trazendo grandes esperanças para pacientes e médicos. Fato é: quanto mais melhorarmos nossas armas, mais seremos capazes de vencer o câncer.

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* Antonio Carlos Buzaid, diretor médico geral do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e fundador do Instituto Vencer o Câncer

*Jéssica Ribeiro Gomes, médica oncologista Clínica da Rede Meridional (ES)

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