Mesmo pele sem manchas pode carregar mutações que causam câncer
Marcas visíveis da exposição solar não são os únicos sinais a indicar maior risco de câncer de pele, alerta estudo. Dermatologista comenta como se proteger
O câncer de pele responde por um terço de todos os diagnósticos de tumores no Brasil. Uma das maneiras de detectar precocemente uma lesão cutânea é por meio do autoexame, visualizando no espelho manchas e pintas. Mas pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que mesmo a pele com poucas sardas ou marcas visíveis pode carregar mutações de DNA desencadeadas pelo sol que podem levar a um câncer.
Esse alerta importante reforça que medidas preventivas são absolutamente necessárias. Não se expor ao sol nos períodos em que a incidência da radiação ultravioleta é maior, ou seja, das 10 às 16h, além do uso diário do protetor solar são duas das principais.
O artigo, publicado na revista acadêmica Science, investigou a relação entre o número de mutações encontradas na pele de aparência normal (sem manchas) e o número de cânceres de pele anteriores de uma pessoa.
Os autores coletaram amostras dos antebraços de 37 pacientes com câncer de pele que eram frequentemente expostos ao sol. Eles tiveram uma média de quatro a cinco vezes mais mutações na pele de aparência normal em comparação com dados obtidos em estudos semelhantes em outros países.
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Os níveis mais altos de mutação provavelmente se devem ao fato de a Austrália, o país que mais recebe radiação por metro quadrado, ter níveis duas a quatro vezes mais altos de luz ultravioleta do que o Reino Unido e a Europa. No entanto, é necessário pontuar que no Brasil os níveis de radiação também são altos em comparação à Europa. Então, esse alerta também serve para nós.
Pessoas com um único câncer de pele têm chance muito maior de desenvolver outros na mesma área do corpo no futuro, segundo o mesmo trabalho. Então o médico dermatologista deve ser consultado para orientar formas de minimizar tal risco.
Tratamentos a laser e a dermoabrasão podem ajudar a eliminar e limitar as mutações nas células da pele, mas, como essa não é uma abordagem aplicável e acessível a todos, e difíceis de se implementar em larga escala, o mais importante é apostar na prevenção.
O fotoprotetor solar deve ter FPS de no mínimo 30 e ser reaplicado ao longo do dia: após duas horas em exposição direta ao sol, e após quatro horas em ambientes fechados. Usar roupas com fator de proteção também é indicado. E a prevenção, lembramos, vale para o ano todo.
* Paola Pomerantzeff é dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD)