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Os efeitos de Ozempic, Wegovy e Mounjaro à flor da pele

Algumas pessoas experimentam flacidez pelo rápido emagrecimento, queda de cabelo, alterações na sensibilidade da pele e reações no local da aplicação

Por João Renato Gontijo*
1 Maio 2025, 14h00

Nos últimos anos, medicamentos como Ozempic, Wegovy, Rybelsus e Mounjaro foram além dos consultórios médicos e passaram a fazer parte do vocabulário popular e rodas de conversas. Esses medicamentos foram criados e são importantes no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. São medicações injetáveis ou orais, pertencentes à classe dos agonistas do receptor GLP-1 e GLP-1/GIP, que atuam reduzindo o apetite, promovendo maior saciedade e ajudando no controle da glicose e perda de peso.

Quando indicados por especialistas — como endocrinologistas ou nutrólogos — e usados com acompanhamento adequado, esses medicamentos oferecem benefícios reais. A perda de peso obtida pode melhorar significativamente a saúde como um todo: pressão arterial, colesterol, glicemia, sono e, sim, até algumas condições de pele associadas ao excesso de peso, como a acantose nigricans ou a foliculite em áreas de atrito.

Entretanto a sua popularização, impulsionada por celebridades e redes sociais, trouxe também o uso sem critério. Pessoas sem nenhuma indicação médica passaram a utilizá-las com o único objetivo de emagrecer rápido, o que nem sempre é seguro, e muitas vezes traz consequências graves. Como todo medicamento, estes também possuem efeitos colaterais, sendo comum as náuseas, vômitos, diarreia, constipação e dor abdominal.

Uma das alterações mais comentadas é o chamado “rosto de Ozempic”, expressão que se tornou popular para descrever a aparência mais envelhecida ou abatida que algumas pessoas desenvolvem após uma perda rápida de gordura facial. Com a diminuição brusca do volume, especialmente na região das bochechas, têmporas e mandíbula, surgem flacidez, rugas mais profundas e olheiras marcadas.

Embora não represente um risco à saúde, isso pode afetar a autoestima e motivar a busca por tratamentos estéticos complementares, se iniciando um perigoso ciclo vicioso.

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Além das alterações visuais, há relatos de efeitos dermatológicos mais específicos, que vem sendo debatidos pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Algumas pessoas experimentam queda de cabelo, alterações na sensibilidade da pele (como formigamento ou queimação) e reações no local da aplicação do medicamento. Reativação de doenças autoimunes como lúpus, por exemplo, foi relatada.

Em situações mais raras, surgiram casos de doenças inflamatórias da pele, como penfigóide bolhoso ou vasculites, que exigem diagnóstico precoce e tratamento com o dermatologista.

É importante lembrar que cada organismo reage de forma diferente a um medicamento. A prescrição só deve ser realizada após uma avaliação completa da história clínica, comorbidades, exame físico e dos objetivos de cada paciente. O que funciona bem para uma pessoa pode não ser o ideal para outra. Ao contrário do que se vê nas redes sociais, emagrecimento saudável deve ser feito com parcimônia e paciência, especialmente quando pensamos nos efeitos sobre a pele, que precisa de tempo para se adaptar às mudanças do corpo.

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Outro ponto fundamental é o cuidado com a alimentação. A perda de peso rápida, sem a ingestão ou reposição adequada de proteínas, vitaminas e nutrientes, pode prejudicar a saúde da pele, favorecendo o ressecamento, a perda de elasticidade e dificultando a cicatrização de feridas. Por isso, o acompanhamento nutricional é essencial durante todo o processo.

Do ponto de vista dermatológico, os benefícios desses medicamentos estão mais ligados à melhora geral da saúde do que a um efeito direto na pele. O controle do diabetes, por exemplo, reduz o risco de infecções e melhora a cicatrização. A perda de peso, quando feita com responsabilidade, promove o bem-estar físico, psicológico e de todo o organismo. Este processo, quando indicado, acompanhado e conduzido por seu médico será seguro e eficaz.

Mais do que nunca, o princípio ético “primum non nocere” (primeiro, não causar dano) deve guiar cada escolha terapêutica. Em um cenário onde medicamentos ganham popularidade nas redes antes mesmo de chegarem as prateleiras do país, é fundamental resgatar o valor do cuidado individualizado, fundamentado na ciência e na ética. A confiança no médico, aliada à compreensão clara sobre os objetivos, riscos e benefícios de cada tratamento, é o que sustenta resultados verdadeiramente seguros e duradouros.

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*João Renato Gontijo, coordenador do Departamento de Dermatologia e Medicina Interna da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e coordenador de Dermatologia da Rede Mater Dei

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