Maio roxo: um alerta sobre as doenças inflamatórias intestinais
Elas afetam mais de 1,6 milhão de brasileiros e derrubam a qualidade de vida ao gerar dor abdominal, crises de diarreia e perda de peso
As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) são um conjunto de enfermidades crônicas que afetam o trato gastrointestinal e causam inflamação e sintomas persistentes. As duas formas mais comuns de DII são a doença de Crohn e a colite ulcerativa.
A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do sistema gastrointestinal, desde a boca até o ânus. Já a colite ulcerativa afeta apenas o cólon e o reto. Ambas apresentam manifestações semelhantes, como diarreia, dor abdominal, perda de peso, fadiga e sangramento retal.
Embora as causas exatas das DIIs ainda sejam desconhecidas, há alguns fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento dessas doenças, como histórico familiar, tabagismo, uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios e consumo excessivo de álcool.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, estima-se que cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil sofram de DII. A incidência da doença de Crohn é de cerca de 7 a 10 casos por 100 mil habitantes, enquanto a da colite ulcerativa gira em torno de 10 a 20 casos por 10 mil habitantes.
No mundo todo, a prevalência de DII tem aumentado nos últimos anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela doença de Crohn e pela colite ulcerativa.
O Maio Roxo é o mês de conscientização sobre esse grupo de enfermidades. No período, associações de médicos especialistas desenvolvem ações para disseminar informações, estimular o diagnóstico correto e promover inclusão e bem-estar dos pacientes.
Grupos de apoio a pessoas com doenças inflamatórias intestinais (como a ONG DII Brasil) são uma importante fonte de suporte para aqueles que lidam com essas doenças. Esses grupos oferecem a oportunidade de se conectar com outras pessoas com DII, compartilhar experiências e obter conhecimentos valiosos sobre o gerenciamento da doença.
Para pessoas com DII, a vida pode ser desafiadora. As crises às vezes são imprevisíveis e levam a hospitalizações frequentes, mudanças na dieta e estilo de vida. No entanto, com tratamento adequado, muitos pacientes conseguem controlar os sintomas e manter uma boa qualidade de vida.
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Nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento das DII. Medicamentos imunossupressores e biológicos têm sido cada vez mais usados para controlar a inflamação e reduzir as manifestações e reveses dos problemas. Além disso, pesquisas têm mostrado que mudanças na dieta e no estilo de vida também podem ajudar a diminuir a inflamação e os sintomas.
Um dos grandes desafios é identificar o melhor tratamento para cada indivíduo com DII. As doenças inflamatórias intestinais podem variar amplamente de pessoa para pessoa, e o tratamento que funciona para uma pode não funcionar para outra. Frequentemente, pode ocorrer falha no tratamento inicialmente proposto ou necessidade de troca dos medicamentos.
Apesar de as DIIs serem crônicas e causarem impacto significativo no dia a dia das pessoas, por meio do tratamento e do suporte adequados é possível alcançar uma vida com menos restrições. E a conscientização e a pesquisa contínuas são essenciais para melhorar a rotina desses pacientes.
* Hélio Antônio Silva é coloproctologista e diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Coloproctologia