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Imunoterapia para câncer de pele precisa ser incorporada ao SUS

Estudo latino-americano mostra que um dos medicamentos dessa classe apresentou taxa de controle de até 65% diante do melanoma em fase avançada

Por Ramon Andrade de Mello*
9 dez 2024, 12h00

O câncer de pele é o mais prevalente no Brasil e é dividido em duas categorias: melanoma (mais agressivo e letal) e não melanoma. Nesse contexto, o melanoma avançado é uma doença que historicamente tem prognóstico ruim. Mas com os novos avanços em imunoterapia e terapias direcionadas, esse padrão felizmente mudou e tem aumentado a sobrevida dos pacientes.

O problema é que o SUS não disponibiliza os imunoterápicos voltados à doença no Brasil. Mas deveria! Um estudo internacional feito em parceria com o Instituto Nacional de Enfermedades Neoplásicas (INEN), do Peru, confirmou os benefícios e a segurança desse tratamento.

Nesse estudo foram envolvidos 81 pacientes com diagnóstico de melanoma metastático, quando o câncer de pele já se espalhou para outros tecidos. Eles foram tratados com um tipo de imunoterapia, o remédio nivolumabe. Os resultados foram muito satisfatórios, sendo que 72 desses pacientes peruanos foram tratados pelo serviço público, o que deve servir de exemplo para o Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para o triênio de 2023 a 2025 a estimativa é de 8.980 novos casos de melanoma no Brasil, sendo 4.640 em homens e 4.340 em mulheres – esses valores correspondem a um risco estimado de 4,37 casos novos a cada 100 mil homens e 3,90 a cada 100 mil mulheres.

Um dado importante do novo estudo é que a imunoterapia nos melanomas mostrou uma taxa de controle da doença de até 65%. Além disso, 9% desses pacientes tiveram respostas completas, ou seja, ficaram curados. O intervalo da mediana livre de progressão foi de 13 meses, que é muito bom nessas circunstâncias.

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A conclusão da pesquisa evidencia que existem algumas disparidades em termos de acesso aos tratamentos de alto custo, como a imunoterapia. No Brasil, de fato, é difícil trabalhar num serviço público com acesso a esse tipo de medicação.

Contudo, pela resposta significativa dos pacientes ao tratamento, fica claro que a terapia vale muito para os pacientes. O SUS perde sem ela. Falamos de medicações que têm se provado seguras e eficazes quando bem prescritas pelos oncologistas.

É importante citar que, apesar do achado importante, verificou-se que no subtipo de melanoma lentiginoso acral, a imunoterapia não traz benefício, mostrando também que não é todo o tipo de câncer de pele beneficiado por esse tratamento.

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Diante da somatória de evidências até o momento, julgo fundamental que nossa rede pública possa incorporar o fornecimento de imunoterápicos a pacientes com melanoma. Isso evitará a progressão da doença e aumentará as chances de cura.

* Ramon Andrade de Mello é oncologista, PhD em oncologia molecular pela Universidade do Porto, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia e professor da Universidade Nove de Julho (Uninove)

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