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Febre maculosa: devemos nos preocupar?

Doença ainda não tem vacina, mas pode ser tratada com antibiótico que evita o agravamento do quadro. Saiba como se proteger

Por Renato Kfouri*
Atualizado em 15 Maio 2024, 23h43 - Publicado em 20 jun 2023, 16h32

Com a recente ocorrência de casos graves da febre maculosa na região de Campinas, em São Paulo, se acendeu um alerta para a doença, que embora seja endêmica em algumas regiões, necessita de atenção e cuidados de proteção. Assim, vale a pena destacarmos algumas características da febre maculosa: como ela se manifesta, seus riscos e, principalmente, como se proteger.

Também conhecida como doença do carrapato, é uma infecção febril de gravidade variável, porém com alta letalidade. A doença é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida principalmente pela picada do carrapato-estrela, comum na região do Cerrado e em áreas degradadas da Mata Atlântica. A presença do transmissor é mais recorrente em beira de rios.

É importante destacar que a transmissão não ocorre de pessoa para pessoa. O carrapato se contamina ao sugar o sangue de animais infectados, como cavalos, capivaras ou vacas e a infecção em humanos acontece após o carrapato infectado ficar fixado na pele do paciente por pelo menos quatro horas.

O período de incubação – intervalo entre a data do contato com a bactéria até o início dos sintomas – da febre maculosa é de 2 a 14 dias. Portanto, é relevante considerar as exposições ocorridas nos últimos 15 dias antecedentes ao início do quadro. Os principais sintomas da doença são: febre alta e súbita, dor de cabeça, abdominal e muscular e manchas avermelhadas no corpo. Também podem haver lesões no local da picada do carrapato.

Entre junho e novembro, a infestação ambiental por ninfas de carrapato-estrela é alta (o ciclo de vida do carrapato inclui as seguintes fases: ovo – larva – ninfa e adulto), por isso, a atenção nas regiões de risco deve ser redobrada nesta época do ano.

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O diagnóstico nem sempre é fácil, pois os sintomas iniciais são bastante inespecíficos, podendo ser confundidos com várias outras doenças, como a dengue, por exemplo. Muito importante o paciente informar ao médico caso esteve na região afetada pelo recente surto ou em áreas já conhecidas pela presença do carrapato estrela.

Embora não haja vacina contra a febre maculosa, algumas dicas são importantes para prevenir a doença:

– Em caso de viagens para locais de mata, verificar com frequência se há algum carrapato preso ao seu corpo. Observar com atenção, inclusive em locais mais escondidos, como axilas, umbigo, entre os dedos, atrás das orelhas e na parte interna das coxas, pois os carrapatos podem ser muito pequenos;

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– Se encontrar algum, retirá-lo cuidadosamente com uma pinça, evitando esmagá-lo;

– Em ambientes rurais usar preferencialmente roupas claras – que ajudam a visualizar a presença do carrapato – com manga longa, calça comprida e calçado fechado – com a parte inferior das calças dentro dele;

– Repelentes geralmente são eficazes contra picadas de carrapatos;

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Mas é muito importante jamais se automedicar. A qualquer suspeita, procurar assistência médica. O tratamento imediato com antibióticos evita o agravamento do quadro.

*Renato Kfouri é pediatra infectologista, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

 

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