Câncer de mama: como conservar os seios melhora a qualidade de vida?
Estudo investigou impacto real de diferentes tipos de terapia no bem-estar das pacientes usando pontuações de satisfação com as mamas

O estudo Conservação da mama e cirurgia oncoplástica estão associadas à melhora da qualidade de vida (Breast conservation and oncoplastic surgery are associated with improved quality of life, em inglês), publicado em outubro na revista científica Frontiers in Oncology, fez uma pesquisa com 349 mulheres sobre um ponto sensível do tratamento, mas que não deve ser ignorado no monitoramento global das pacientes que enfrentam o tumor.
A finalidade era investigar como diferentes tipos de tratamento impactaram o bem-estar das pacientes com câncer de mama. Elas responderam um questionário, desenvolvido especificamente para avaliar os resultados cirúrgicos, abrangendo aspectos psicológicos, sociais e físicos. E foram divididas em dois grupos: aquelas que passaram pela conservação dos seios (quando se retira o tumor, preservando o tecido mamário saudável) e aquelas que realizaram a mastectomia (que pode extrair parcial ou totalmente a mama).
No total, 237 pacientes (68%) foram submetidas a cirurgias conservadoras da mama. Dessas, 176 (74%) passaram pela cirurgia oncoplástica (procedimento cirúrgico que combina técnicas de cirurgia oncológica com mamoplastia para remover um tumor mamário e reconstruir a mama). Já 112 pacientes (32%) fizeram a mastectomia e a reconstrução.
Após análise, a mastectomia teve pontuações mais baixas em comparação à cirurgia conservadora da mama. E a cirurgia oncoplástica foi associada a pontuações mais altas.
O estudo concluiu que as cirurgias de conservação da mama e oncoplástica estão relacionadas a uma melhor qualidade de vida, com uma diferença clinicamente significativa em comparação com as mastectomias e reconstruções.
Por isso, vale lembrar: os cirurgiões devem passar todas as opções de procedimentos para suas pacientes, principalmente quando for possível preservar a mama. Porém, para que a paciente tenha indicação da cirurgia conservadora, o diagnóstico do câncer de mama tem que ser precoce.
Além disso, especialistas treinados em técnicas oncoplásticas podem contribuir não só com a saúde, mas com o bem-estar e a autoestima das mulheres diagnosticadas com a doença.
* Marcelo Sampaio é cirurgião plástico, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e correspondente internacional da American Society of Plastic Surgeons