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Bullying nas escolas: o que podemos (e devemos) fazer?

Papel das instituições de ensino em combate e prevenção é crucial para a formação de cidadãos que prezam o respeito às diferenças

Por Renato de Ávila Kfouri*
3 set 2024, 08h00

O bullying é uma forma de violência física ou psicológica, sempre intencional e repetitiva, praticada por um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas, com o objetivo principal de intimidação ou agressão. Ele pode ser praticado como ameaças, humilhação, exclusão, discriminação (raça, cor, sexo), entre outros. Geralmente, a vítima escolhida tem dificuldades de se afirmar, acabando por ser objeto de diversão.

O termo se originou na língua inglesa. “bully” significa “valentão” e o sufixo “ing” representa uma ação contínua. A palavra bullying designa, portanto, um quadro de agressões contínuas, repetitivas, com características de perseguição do agressor contra a vítima, não podendo ser caracterizada como uma agressão isolada, resultante por exemplo, de uma briga.

Essas agressões podem ser de ordem verbal, física e psicológica, comumente acontecendo as três ao mesmo tempo. As vítimas são intimidadas, expostas e ridicularizadas na maioria das vezes no ambiente escolar e longe dos profissionais da educação, frequentemente na entrada ou saída da escola.

Destaca-se, atualmente, o cyberbullying, realizado de forma digital, com exposição de fotos, constrangimento e humilhações nas redes sociais e na internet.

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As consequências do bullying podem ser devastadoras e irreversíveis para quem sofre. Os primeiros sintomas são o isolamento social da vítima, que não se vê como alguém que pertence àquele grupo. A partir daí, pode haver queda no rendimento escolar, redução na autoestima, quadros de depressão, transtorno de ansiedade, síndrome do pânico e outros distúrbios de saúde mental. Quando não tratados, esses quadros podem levar o jovem a tentar o suicídio.

Se os traumas do bullying não forem adequadamente abordados, a vítima pode carregar aquele sofrimento até a vida adulta, dificultando suas relações pessoais, a vida em sociedade, afetando a sua carreira profissional e até levando ao desenvolvimento de vícios em drogas e álcool.

As discussões sobre o bullying são relativamente recentes, chamando a atenção dos especialistas em comportamento humano apenas nas últimas duas décadas. Uma relação desigual não pode ser tolerada e deve ser denunciada. Agressores e agredidos precisam de intervenções e não se pode banalizar e achar normal esse tipo de comportamento.

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Importante destacar que o bullying é um problema de todos, e que atinge escolas públicas e privadas, centrais e periféricas, rígidas ou liberais, de grande ou pequenas cidades.

É fundamental manter uma conversa franca e acolhedora com nossos filhos, estar atentos a sinais de recusa ou sofrimento físico e emocional relacionados com a escola e manter um diálogo aberto com a instituição. Por outro lado, as escolas precisam ter programas de prevenção de forma continuada.

O papel das instituições de ensino no combate e prevenção do bullying é crucial para a formação de cidadãos que prezam o respeito às diferenças, o convívio em sociedade e a vivência de uma cidadania plena.

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* Renato de Ávila Kfouri é médico pediatra infectologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

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