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Anabolizantes: um perigoso “canto da sereia” para o coração

Sociedades médicas como a Socesp se opõem a uso indiscriminado de esteroides para fins estéticos e desempenho físico. Risco cardíaco é uma das ameaças

Por Ieda Jatene, Marcelo Franken e Carlos Alberto Hossri*
Atualizado em 3 abr 2023, 16h52 - Publicado em 3 abr 2023, 09h00

Miocardite, arritmia, hipertensão, morte súbita, aumento do colesterol ruim, diabetes, acidente vascular cerebral (AVC)… Essas são algumas possíveis consequências do uso de anabolizantes à saúde. Sim, a utilização indiscriminada desses produtos impacta direta ou indiretamente o coração.

Não é por menos que a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) se uniu a outras entidades médicas e assina um documento pedindo ao Conselho Federal de Medicina (CFM) a regulamentação da indicação de esteroides anabolizantes para fins estéticos e de performance física.

O número cada vez maior de pacientes com complicações de saúde causadas por esse consumo mais que justifica a iniciativa, principalmente porque, na contramão da ciência, existem ações e divulgações estimulando e legitimando a ingestão dessas substâncias.

Postagens em redes sociais, feitas por profissionais inescrupulosos que atuam como esteticistas, treinadores físicos e até médicos, ávidos por alcançar a fama e o lucro rapidamente, estão prestando um desserviço à nossa população, frequentemente tentando enquadrar os anabolizantes como medicamentos seguros.

Eles até podem ser, desde que indicados com todo o critério. Porém, nenhuma entidade médica respalda a classificação de anabolizantes como medicamentos anti-idade, integrativos ou moduladores hormonais, entre outros rótulos fartamente encontrados pela internet.

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O documento entregue ao CFM solicita que apenas tratamentos previstos para as indicações claramente estabelecidas na literatura médica atual sejam considerados legais e possam ser prescritos.

Do contrário, os riscos são grandes. Um estudo da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo aponta que aqueles que ingerem anabolizantes apresentam mais tendência para a formação de placas nas artérias do coração, o que impede o fluxo sanguíneo e o suprimento de oxigênio ao órgão.

O quadro é um dos pré-requisitos para a ocorrência não só de infartos mas também de AVCs. A pesquisa apurou ainda que 25% dos jovens (média de 29 anos) que utilizam anabolizantes apresentam as placas em até três coronárias (as artérias do coração). Outro fator de risco é que o colesterol bom, ou HDL, está presente em menor quantidade no organismo desse grupo (e tem sua funcionalidade prejudicada).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), um efeito adverso desse consumo é o aumento da massa muscular do coração sem que haja aumento proporcional da sua irrigação sanguínea, causando desequilíbrio entre a oferta e a demanda de sangue para o músculo cardíaco.

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Além disso, o sistema nervoso autônomo, que atua no controle das variações dos batimentos cardíacos e na pressão arterial, também pode ser afetado negativamente pelo uso dos esteroides.

Nessa linha, uma equipe do Instituto de Neurociências Comportamentais e Psicologia da Califórnia, nos Estados Unidos, fez a revisão de 21 estudos publicados entre 2003 e 2019 para determinar se os anabolizantes estavam vinculados à cardiomegalia e à disfunção ventricular, duas situações que prejudicam o coração. Resultado: 19 pesquisas mostram evidências de que o uso contribui para o desenvolvimento dessas condições (achados baseados em exames de imagem e ecocardiografia, por exemplo).

O alerta da comunidade médica para o fenômeno é necessário e didático. Precisamos usar as mesmas ferramentas que propagam informações deturpadas – redes sociais, sites, canais de TV, podcasts… – para falar a verdade sobre o tema. E a verdade é que um dos riscos de ficar com o corpo “bombado” é poder explodir seu coração.

* Ieda Jatene, Marcelo Franken e Carlos Alberto Hossri são cardiologistas e membros da direção da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

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