Um prefeito interessado, amigo e aliado
Bruno Covas sempre mostrou profunda sensibilidade com as reivindicações dos negros paulistas
Fui testemunha e admirador da postura reta, do discernimento e da dedicação do prefeito Bruno Covas. Como cidadão, sentia-me contemplado pelo ímpeto da sua gestão e pelo compromisso inexorável com as responsabilidades gerenciais da cidade. Da mesma forma, apreciava sua disposição incansável para o trabalho e sua delicadeza no tratamento e na capacidade de ouvir o que as pessoas simples ou qualificadas tinham a lhe dizer. E, principalmente, admirava a firmeza como empenhava suas palavras e a posição inegociável de honrar compromissos assumidos.
Em relação à agenda dos negros paulistas, de maneira interessada e sempre com uma escuta ativa, Covas ouvia com atenção, e sempre demonstrou profunda sensibilidade com a justiça das reivindicações. Sempre enfatizava que o Brasil devia muito aos negros e que a cidade de São Paulo devia ter uma atitude de protagonismo e exemplo para todo o país.
Como prefeito, gentil e delicadamente convidou-me para uma audiência de trabalho, solicitando a mim e à Universidade Zumbi dos Palmares contribuições para ampliar e fortalecer a agenda dos negros em São Paulo. Ali mesmo sugeri ao prefeito que transformasse a Semana da Consciência Negra na Virada da Consciência Negra, para que toda cidade pudesse conhecer, interagir e celebrar as grandes contribuições do negro na construção da cidade. Que a prefeitura erguesse monumentos, nomeasse escolas e prédios públicos com nomes de grandes personalidades negras para construirmos boas referências e espelhos para a juventude. Da mesma forma, sugeríamos ao prefeito que transformasse num grande museu ou espaço cultural o Cemitério dos Aflitos, no bairro da Liberdade, o primeiro cemitério público da capital, onde eram enterrados os escravos nos séculos 18 e 19.
Abusando da sua disposição e simpatia, ainda solicitamos que o prefeito se filiasse e encampasse o papel de embaixador do movimento AR – Vidas Negras Importam, para divulgar uma agenda positiva a favor dos jovens negros, depois da morte de George Floyd. Justamente por isso, reivindicamos, também, que impedisse a Guarda Municipal de aplicar o famigerado golpe “mata leão” nas suas abordagens e imobilizações aos cidadãos paulistanos.
Nos dois anos e quatro meses a frente da prefeitura de São Paulo, Bruno Covas instituiu a Virada da Consciência para comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, envolvendo todas as escolas, bibliotecas, museus, Ceus, parques, espaços culturais e equipamentos esportivos. Para deixar tudo mais bonito, mandou iluminar a prefeitura e todos os prédios públicos municipais com cores da África. Depois, sancionou a lei de criação do Memorial da Liberdade, no antigo cemitério dos escravos. Expediu decreto banindo o “mata leão” na Guarda Civil Metropolitana e tornou-se embaixador do Movimento Ar – Vidas Negras Importam, na defesa da vida, inclusão e empoderamento dos jovens negros.
No Dia Nacional da Consciência Negra do ano que passou na Praça Clovis Bevilacqua, no centro da cidade, o prefeito inaugurou o monumento e a estátua de Tebas, o escravo negro que restaurou o Mosteiro de São Bento e antiga Catedral da Sé. No mesmo dia, juntamente com o filho mais velho do imortal cantor Luís Melodia, honrosamente, incumbiu-me de inaugurar a Escola Municipal Luís Melodia, no bairro de São Miguel, uma das doze escolas a ser nomeadas por importantes personalidades negras históricas, como Luís Gama, Carolina Maria de Jesus, Abdias Nascimento.
Convidei o jovem, amigo, parceiro e aliado prefeito Bruno Covas para prestigiar a abertura da Corrida da Consciência que a Universidade Zumbi dos Palmares realiza todo ano, na Avenida Braz Leme, no Bairro de Santana. O inicio da corrida estava marcado as sete horas da manhã. Para espanto e contentamento meu e de milhares de paulistanos ali presentes, o prefeito Bruno Covas chegou quinze minutos antes: às seis e quarenta e cinco.
Gratidão, estimado amigo. Descanse em paz.