O poder do voto negro para a nossa democracia
Representando mais de 56% dos brasileiros, isto é, 110 milhões de indivíduos, o eleitor negro é um fator preponderante para o sistema eleitoral do país
Mais de vinte depois da implantação da urna eletrônica no país, a segurança e a correção dos seus resultados sempre foram certificados por todos os partidos e políticos. A condução isenta da Justiça Eleitoral, a transparência e eficácia na execução e resultado das eleições eletrônicas são reconhecidas e aprovadas pela sociedade, pelos militares, que nunca a contestaram, pelos órgãos internacionais e pela maioria dos países. Fica claro, assim, que o hipotético golpe politico cantando em prosa e verso pelo atual presidente e seus acólitos, além de disparate injustificável, não passa de um sofisma.
Todavia, como num regime democrático o que vale é o voto, as forças políticas progressistas e democráticas têm alternativas simples e eficazes para barrar o golpe e vencer os golpistas, basta utilizar contra eles o antídoto mais eficaz e disponível no mercado: a inclusão e participação politica dos negros. Representando mais de 56% dos brasileiros, isto é, 110 milhões de indivíduos, o negro eleitor é um fator preponderante tanto de equilíbrio como para garantia de construção e manutenção de maioria consolidada e confiável no processo eleitoral e na formação de opinião de sustentação e de proteção do sistema.
Se nunca foi compreensível no passado, na atualidade é inconcebível pensar estratégia de alcance e controle do poder político e segurança e estabilidade do regime democrático com a metade dos brasileiros fora do jogo e excluído do debate, participação e partilha do poder. Por isso, mesmo num panorama de terra arrasada em que os partidos não apresentam nenhum candidato negro a presidente, vice-presidente, governador ou senador, um compromisso franco e honesto com suas agendas caras e prioritárias e inclusão de suas lideranças mais expressivas na equipe de governo podem funcionar como poderosa força de atração e consolidação do seu voto.
O Partido dos Trabalhadores e o candidato Lula entenderam isso no passado quando a aliança progressista que lideravam anunciou a criação do Ministério da igualdade racial, a Lei de Cotas nas Universidades e Serviço Público e a nomeação de quatro negros como ministros de estado – Gilberto Gil, Marina Silva, Benedita da Silva e Matilde Ribeiro. Pela primeira na história os negros foram respeitados, puderam entrar pela porta da frente e participar de forma efetiva e destacada na politica brasileira. Com os negros, o PT, Lula e os progressistas foram vitoriosos e governaram quase dezesseis anos no passado. Podem repetir a dose no presente e jogar uma pá de cal no golpe e nos golpistas.