De Ricardo Vélez, que permaneceu no cargo três meses e uma semana, a Carlos Alberto Decotelli, que caiu antes mesmo de tomar posse, passando por Abraham Weintraub, que ficou no cargo por catorze meses, e agora o pastor Milton Ribeiro, que deixa o cargo com menos de oito meses de mandato, a troca de quatro ministros da educação em três anos de governo confirma de maneira definitiva, a destruição e disfuncionalidade que a administração pública da educação, tornada refém da política e dos políticos, alcançou no nosso país.
Com discursos e posturas mais interessados em construir cortinas de fumaça, alimentadas numa campanha de combate a pretensos comunismos e aos comunistas na educação em pleno século XXI, e prioridades totalmente contrárias às necessidades da educação, como no caso das Escolas Cívico Militares para o ensino fundamental, quando os municípios estão lutando com unhas e dentes para tentar manter suas escolas em funcionamento, o debate educacional atual, além de ter se transformado numa tribuna de falsa guerra ideológica, tornou a ação e rotina dos ministros, além das descontinuidades e contrariedades, em inquéritos policiais, denúncias crimes, ou, como noticiam, no caso do pastor Milton Ribeiro, em denúncia de tráfico de influência, desvio de finalidade e outras impropriedades.
Quando a educação mais precisou de uma estratégia transformadora, frente aos desafios econômicos, ao desemprego e às mudanças tecnológicas, o Ministério da Educação afundou no marasmo. Quando a educação vitimada pela pandemia estava nocauteada, ela simplesmente permaneceu abandonada, com pais e alunos perdidos, desorientados e envoltos num discurso negacionista diante da ciência que definia a correção do uso da vacina. Nenhuma ação ou orientação assertiva partiu do ministério na resolução da situação dramática dos sem vacina, sem internet e sem escolas. Todos que puderam ou quiseram tiveram que se virar sozinhos sem ministro e sem Ministério da Educação. Mesmo agora na volta relutante do normal possível e diante da destruição a céu aberto, não há uma direção a seguir, nem um timoneiro para nos indicar.
Se incluirmos na conta a partir de 2012, Aloisio Mercadante, dois anos, Henrique Paim, onze meses, Cid Gomes, dois meses, Renato Janine Ribeiro, seis meses, Aloisio Mercadante, seis meses, Mendonça Filho, 21 meses, Rossiele Alves, sete meses, chegaremos à acachapante conta de onze ministros em dez anos. Exatamente, um por ano. A chegada do quinto ministro da educação no governo Bolsonaro é a pá de cal na situação de inacreditável desorganização e destruição que alcançou nossa educação e nosso ministério. Tudo aos olhos da nossa elite, e sem qualquer levantamento de nós, povo brasileiro. Nossa educação pede socorro.