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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Cotas sim!

Com as cotas, as universidades ganharam mais legitimidade e representatividade social; deixou de ser um feudo e se transformou na casa de todos os jovens

Por José Vicente
4 out 2021, 22h29

Historicamente poucas e para poucos, os ambientes públicos de ensino superior federal invariavelmente foram espaços privilegiados de expressão da exclusão econômica e racial brasileira. Apesar dos seus custos milionários serem rateados por todos os brasileiros , somente os integrantes das classes privilegiadas, por muito tempo, puderam usufruir todos os seus benefícios nos bancos escolares como alunos e na estrutura de gestão e direção das suas maquinas administrativas, financeiras e de prestígio. Conta-se nos dedos das mãos os professores, pesquisadores, gestores e dirigentes negros das universidades públicas federais do nosso país.

Montada sobre a inconsistente estratégia do mérito intelectual, mas operada a partir do mérito da origem e nascimento, por muito tempo perpetuou o determinismo de que somente os representantes da elite tinham habilidades, competências e talento para superar seus dificílimos processos seletivos, operados em linha com os conhecimentos que somente a capacidade financeira dessa elite podia custear nas melhores e mais caras escolas, colégios e cursos preparatórios privados.

A mais impactante e profunda mudança nesses alicerces tem sido fruto da pequena revolução na educação superior promovida pelas Ações Afirmativas e Cotas para negros, indígenas, portadores de deficiências e os pobres da escola pública no ensino superior federal. Fruto do aprimoramento dos fundamentos de justiça social e racial desencadeada a partir da Conferencia Mundial Contra o Racismo de 2001, e também da evolução politica e social da maioria da sociedade brasileira, as cotas são conquistas, sobretudo, da luta histórica e incansável dos negros, seus movimentos e seus aliados, que nunca deixou de denunciar o caráter exclusivista, patrimonialista, excludente e discriminatório das universidades públicas do nosso país.

Com os negros, indígenas, portadores de deficiências e estudantes de baixa renda da escola pública, as universidades federais além de manter e aumentar em muitos aspectos seu nível de qualidade, tomou um banho de civilidade e cidadania. Além do mais, foi desafiada para as mudanças e transformações inexoráveis que exigiram até aprender a definir quem é negro num país miscigenado e construir tecnologias para combater as fraudes raciais nas suas comissões de heteroidentificação. Com as cotas, as universidades ganharam mais legitimidade e representatividade social. Deixou de ser um feudo e se transformou na casa de todos os jovens brasileiros.

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No momento em que a lei 12.711/2012 que instituiu as Cotas alcança seu vencimento em agosto de 2022, outro caminho de justiça não há que não seja sua renovação, mantendo e aperfeiçoando a vitória da cidadania e garantindo que a universidade publica continue e aprofunde o processo de transformação e fortalecimento do seu caráter democrático, diverso, plural e igualitário.

Para que esse objetivo seja alcançado e seus propósitos alcançados frente ao cenário sombrio dessa agenda na atualidade, a Universidade Zumbi dos Palmares juntamente com centenas dos mais expressivos representantes da sociedade civil e empresarial está arrumando as malas para mais uma vez ir para as ruas mobilizar e reunir uma formação de opinião favorável, recolher um milhão de assinaturas e fazer a Advocacy necessária para não permitir qualquer retrocesso na mais importante politica publica educacional da história do nosso país. Para nós e certamente para grande parte dos brasileiros inquestionavelmente nosso lema será sempre: Cotas Sim!

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