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José Casado

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Informação e análise

Um duro embate do ministro da Fazenda com a oposição na Câmara

Arquitetura da radicalização ameaça transformar a Câmara em lugar inviável para debates dos problemas nacionais na temporada eleitoral

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 set 2025, 08h00

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falava na Comissão de Agricultura da Câmara sobre a possibilidade de reavaliar uma linha de crédito agrícola de R$ 12 bilhões, considerada insuficiente pela bancada do agronegócio.

Um dos vice-líderes da oposição, Lenildo Mendes dos Santos Sertão, eleito pelo Partido Liberal do Pará, resolveu argumentar com ironias:

— Não se cansa de dizer que “o Brasil está indo bem, obrigado”, e que o recorde de produção está imenso. Eu até posso concordar que a produção tem aumentado muito, mas o ministro só sabe taxar! Não é à toa que o apelido do senhor no Brasil é Fernando “Taxad”. Já são 24, ou mais, impostos criados ou aumentados no Brasil…

O petista gaúcho Bohn Gass interveio: — Respeito, respeito é bom, não é?

Lenildo Sertão, um ex-policial que se apresenta como “delegado Caveira”, partiu para o ataque: — Vossa excelência pode calar a boca, que eu estou falando? O senhor cale a boca, por favor, o senhor cale a boca e me respeite… É o “Taxad”, sim. Todo mundo está dizendo isso. Cale a sua boca, deputado…

Rodolfo Nogueira, do PL do Mato Grosso do Sul, presidia a audiência e apelou: — Vamos manter a calma, a calma…

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—  Só pode ser do PT! Só pode ser do PT! — gritou Lenildo Sertão. — Quando não está roubando, está mentindo.

— Vamos respeitar a Casa — pedia o presidente da sessão.

— É só para eu perder o raciocínio — insistiu Lenildo. — Deputado do PT não pode ouvir nada. Quando não mentindo, está roubando. Porra! Porra, Deputado! Cale a boca!

Tumulto no plenário.

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Lenildo gritava: — Deixa eu falar! É democracia ou não é? Cala a sua boca, rapá! Deixa-me falar! Me respeita! Não respeita ninguém! Só é acostumado a falar o que quer! Cala a boca, porra!

— Vocês querem baixar o nível aqui? Então, vamos…— cobrou o presidente.

Lenildo: — Cala a boca, porra! Está difícil ter um raciocínio. Então vamos lá, voltando no ministro “Taxad”. Eu ainda nem desmascarei ele das mentiras que ele falou, e vocês já estão apelando. Porra! Vamos lá! Criaram 24 impostos, ou aumentaram. O Brasil não vai dar certo dessa forma. Que saudade de Paulo Guedes. Esse chegou no Ministério não por puxar saco, por carregar pasta de ninguém ou fazer parte de um plano diabólico para destruir o País. Chegou por competência, por ser técnico. É diferente. O Brasil está falido, já está falido. Em breve nós vamos ter um colapso. Agora estão roubando idosos também. Eu quero saber qual é o programa que V.Exa. tem para tirar o Brasil do caos. O Bolsonaro entregou o país com R$ 56 bilhões de superávit.

O ministro da Fazenda, enfim, pode falar ao vice-líder da oposição: — Eu vou lamentar ter que responder começando pelo final, porque eu vim aqui para discutir coisas sérias, coisas decentes. Quando começam a ofender a honra das pessoas, eu começo a perder o entusiasmo num debate franco. Sobre taxação, a maior vagabundagem que foi feita neste país — em que se taxa de maneira cruel — é não corrigir a tabela do Imposto de Renda. Quando você não corrige isso, você põe milhões de brasileiros para dentro do Imposto de Renda. Bolsonaro ficou quatro anos sem corrigir a tabela do Imposto de Renda e sem dar um real acima da inflação para o salário-mínimo. Essa é a maior taxação que se pode fazer.

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Agora, em relação a taxar bet, super-rico e banco para isentar quem o Bolsonaro cobrou, o senhor pode usar o apelido (“Taxad”) à vontade para isso. Nós vamos começar a taxar bet, a taxar banco, a taxar bilionário, que não paga imposto, porque é assim que se busca a justiça tributária.

Para o seu conhecimento, nós estamos num dos países mais desiguais do mundo, e vocês colocaram 33 milhões de pessoas para passar fome neste país. Para passar fome, deputado! Você está aqui numa Comissão de Agricultura e não tem vergonha de participar de um governo que fez 33 milhões de pessoas, 15% da população, passar fome?

Aquele Governo matou 700 mil pessoas, que não foram vacinadas a tempo porque o presidente da República não queria comprar vacina da Pfizer. Ele não respondeu a um e-mail da Pfizer, não foi diligente, cortou dinheiro da saúde, cortou dinheiro da educação, cortou o auxílio do Programa Bolsa Família antes de vacinar as pessoas. As pessoas saíram de casa para ganhar seu sustento sem estarem vacinadas. O país teve 700 mil mortes.

O senhor veio falar da grande economia do País, que cresceu 1,5% ao ano. Esse foi o pior resultado fiscal da pandemia no mundo, a pior gestão sanitária no mundo. Há uma discrepância enorme entre o que se gastou e o que se poupou de vidas.

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Agora, como alguém pode ser contra a taxação de quem não paga imposto? Isso é uma coisa insana. O senhor quer manter isenção para bet, que está destruindo as famílias? Por mais quantos anos o senhor quer fazer isso? Manter isentas as bets, que não pagam imposto? O padeiro paga, mas a bet não paga. O senhor deve achar que está prestando um grande serviço ao país, estimulando o jogo eletrônico que, inclusive, não poupa as crianças. Não havia proibição de criança apostar em bet. O senhor é a favor de criança apostar em jogo eletrônico? E por que o senhor concordou com essa decisão do (Paulo) Guedes? Por que o senhor concordou com essa decisão do Guedes de não taxar bet e deixar criança apostar com o dinheiro dos pais? Esse é o senhor, isso é o senhor. O senhor ficou omisso!

A arquitetura da radicalização ameaça transformar a Câmara dos Deputados em lugar inviável para debates dos problemas nacionais na temporada eleitoral que está começando. O resultado é previsível: todos perdem.

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