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Informação e análise
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Sem sigilo: o caso da ‘assessora’ que alimentava os cães de Bolsonaro

Ministério Público acusa Jair Bolsonaro de atuar com desonestidade, e provocar danos ao erário, por quase metade do tempo em que foi deputado federal

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 mar 2022, 09h36 - Publicado em 23 mar 2022, 08h00

Ontem, Jair Bolsonaro aumentou sua coletânea de causas judiciais. O Ministério Público resolveu processá-lo por improbidade administrativa.

Se não conseguir alguma forma de anistia, ampla e geral, como preveem alguns dos aliados, é possível que Bolsonaro saia da presidência para ingressar numa vida tumultuada por ações judiciais.

Desta vez, ele é acusado de ter atuado com desonestidade, provocando danos ao erário e violação aos princípios da administração pública, durante quinze anos — ou seja, quase metade do tempo em que foi deputado federal, antes de se eleger presidente.

Isso porque empregou como assessora na folha de pagamentos da Câmara, entre 2003 e 2018, uma pessoa para cuidar da sua casa e dos seus cães numa praia em Angra dos Reis (RJ), no litoral fluminense.

A história de Bolsonaro com Walderice Santos da Conceição, mais conhecida como Wal do Açaí, surgiu na campanha de 2018. Ele a demitiu pouco antes de ser eleito.

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(Processo JFDF n  1039983-08.2020.4.01.3400/Reprodução)

A novidade, além da acusação de improbidade, está nas entrelinhas do processo, cujo sigilo foi suspenso ontem.

Os autos permitem um vislumbre dos métodos de um político viciado na manipulação do dinheiro dos impostos que financiavam seu trabalho no Legislativo.

Em 2003, Bolsonaro nomeou a vendedora de açaí como assessora na Câmara. Ela nunca esteve em Brasília, assumiu o cargo por procuração.

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(Processo JFDF n  1039983-08.2020.4.01.3400/Reprodução)

Numa audiência, um procurador perguntou-lhe o que exatamente fazia para o então deputado, e como era a sua rotina de assessora parlamentar na vila praiana, em Angra.

— Alguém controlava essa sua jornada de trabalho? A senhora só se reportava ao deputado [Bolsonaro]?

— Eu fazia contato com o deputado.

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— Com outros servidores [em Brasília], a senhora mantinha contato também?

— Não, não.

— E esse contato com o deputado, era de quanto em quanto tempo?

— Olha, depende muito…

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— Mas, em média, a senhora poderia dar…?

—  Uma vez por mês.

Walderice cuidava da casa e dos cachorros “do seu Jair”, contou o marido da vendedora Edenilson Nogueira, que a ajudava na alimentação dos cães.

— E além disso? — os procuradores quiseram saber.

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— Era mais trabalho de informação. Ela pegava… O “seu” Jair sempre gostou de lá. Então, ele gosta de saber tudo que está acontecendo na região, em geral.

— Ela [Walderice] ficava num escritório?

— Não, não. Não tinha escritório, não. Ela, ela fazia mais trabalho, assim aleatório… andando pra um lado e pro outro.

Durante quinze anos a Câmara pagou a Wal do Açaí para cuidar dos cachorros do deputado Bolsonaro numa casa em Mambucaba, a 1.300 quilômetros de Brasília.

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