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Informação e análise

Sem reverter rejeição de mulheres e dos pobres, Bolsonaro elege o tumulto

No eleitorado feminino, o governo é percebido (56%) como "ruim" e "péssimo". Entre os mais pobres é esmagador (76%) o repúdio à forma como Bolsonaro governa

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 abr 2022, 17h51 - Publicado em 26 abr 2022, 08h00

Quanto mais tumulto, melhor. É receita de Jair Bolsonaro. Deriva da sua necessidade de pautar e conduzir o debate político à margem do fiasco na administração da crise — motivo de sua rejeição por seis de cada dez eleitores nas pesquisas.

Fez isso durante dois anos de pandemia. Continua assim no cenário de descontrole dos preços, impulsionados pelas altas da energia, dos combustíveis e dos alimentos.

O embate com o Supremo Tribunal Federal é retórico, como sempre foi. Até agora, ele não deixou de cumprir nenhuma ordem judicial.

Em setembro anunciou que não mais aceitaria, recuou ao perceber a dimensão do custo de cair na ilegalidade.

Semana passada usou o poder, a caneta e o Diário Oficial para proteger com indulto um amigo, deputado condenado a oito anos e nove meses de prisão por crimes contra o regime democrático e ameaças de morte a juízes e seus familiares. Fez exatamente aquilo de que acusava adversários, manobrou dentro da lei para utilizar a presidência em benefício político pessoal.

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Ontem, foi a uma feira agrícola e anunciou que pretende “ignorar” uma eventual decisão do STF sobre demarcação de terras indígenas caso não seja do seu agrado ou dos amigos e aliados que embalam sua candidatura nas zonas de economia agrícola. Não definiu a aplicação prática do verbo “ignorar” sobre sentenças do STF, que nada decidiu a respeito de terras indígenas. Falou sobre algo inexistente, por mera conveniência política e deixou a plateia ruralista  enlevada.

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O problema do candidato Bolsonaro não está no caso do deputado amigo ou na expansão da fronteira agrícola em territórios indígenas. Dessas situações, com certeza, não extrai um único voto além dos que já possui. Mas são úteis para levantar poeira na campanha e enevoar o drama real que o mantém aprisionado em rejeição recorde e ainda distante do adversário Lula, líder em intenções de voto.

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A reprovação ao governo segue inerte desde o início da pandemia, em patamar acima de 55%. Da mesma forma, continua ampla e constante a rejeição ao presidente-candidato.

Em pesquisa divulgada ontem, 57% dos eleitores reafirmam que não votariam em Bolsonaro “de jeito nenhum”. Foram 2 mil entrevistas na sondagem FSB/BTG realizada entre sexta-feira e domingo, já sob ressonância do novo confronto com o Supremo, no qual Bolsonaro alistou o Ministério da Defesa em ação coordenada com os clubes de militares aposentados.

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O tom do repúdio ao governo, ao presidente e ao candidato a reeleição é dado pela ampla maioria das mulheres e dos mais pobres, aqueles cuja renda mensal familiar não ultrapassa um salário mínimo (R$ 1.212) e é quase integralmente consumida na alimentação de subsistência.

No eleitorado feminino o governo é percebido (56%) como “ruim” e péssimo. Entre os mais pobres é esmagador (76%) o repúdio à forma como Bolsonaro governa.

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No ânimo do conjunto de eleitores prevalece o pessimismo (para 62%) com a possibilidade de superação da crise econômica que empobrece a todos — a renda média dos brasileiros encolheu 9% no ano passado.

O governo não consegue satisfazer um eleitorado que insiste em querer comida e combustível a preços acessíveis, emprego, educação, segurança e renda crescentes. O candidato à reeleição optou pela alternativa mais cômoda, a do tumulto na campanha. Se vai dar certo até outubro, nem ele sabe, mas segue na exploração da desordem como instrumento político.

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