Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

PT de Lula e PL de Bolsonaro agora são aliados, com o patrocínio de Lira

Aliança é pragmática, não impede que se tratem como inimigos, e lembra Machado de Assis: não é preciso ter as mesmas ideias para dançar a mesma quadrilha

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 out 2024, 13h00 - Publicado em 31 out 2024, 08h00

O PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro agora são aliados. Líderes das bancadas de deputados federais dos dois partidos anunciaram a união, com o patrocínio de Arthur Lira, presidente da Câmara: pretendem eleger Hugo Mota, do Republicanos da Paraíba, no comando da Casa em fevereiro.

Lula e Bolsonaro sabiam e acompanharam a negociação, como Valdemar Costa Neto, dono do PL. Eles não vetaram e evitaram comentários sobre o anúncio feito nesta quarta-feira (30/10).

Em público, PT e PL costumam se apresentar em polos diametralmente opostos, à esquerda e à direita. Com frequência, colidem em embates de retórica raivosa no plenário da Câmara.

Lira conseguiu atraí-los para uma aliança improvável. Aparentemente, ela não é coerente com os objetivos de Lula no governo, de Bolsonaro na oposição, ou ainda dos dois no jogo que se inicia para a disputa eleitoral de 2026.

Acordo é compromisso. PT e PL decidiram juntar os 160 votos dos seus deputados (70 petistas, 90 liberais e extremistas) para aclamar a Mota numa eleição que só vai acontecer dentro de três meses, e com outros dois candidatos na disputa – os deputados baianos Elmar Nascimento, do União Brasil, e Antônio Brito, do PSD.

Continua após a publicidade

Presidência da Câmara é função relevante não apenas pelo poder sobre a pauta de votação, mas também pela posição estratégica na linha sucessória – logo depois do vice-presidente da República, determina a Constituição.

São circunstâncias que tornam singular a aliança entre adversários, habituados ao trato como inimigos, para adesão a uma candidatura doze semanas antes da votação interna. Em política, noventa dias equivalem a uma eternidade. No caso, a antecipação pode ser interpretada como precipitação interessada.

A princípio, ela garante a Lira espaço privilegiado para conduzir a própria sucessão. Não se conhecem detalhes da proposta aceita pelo PT e PL, mas sabe-se que o acordo inclui cargos no comando da burocracia da Câmara, principalmente na Mesa Diretora, e em comissões parlamentares.

Continua após a publicidade

O principal é a partilha do bolo de dinheiro das emendas ao Orçamento da União – equivalente a 20% do total das verbas para investimentos federais – manejadas de forma nada transparente e, por isso, sem controle efetivo.

A lógica dominante no Congresso é a do acesso ao orçamento. Como disse Jilmar Tatto, secretário do PT, ao repórter Paulo Montoryn, “esse negócio de emenda ajuda muito”.

A aliança entre PT e PL patrocinada por Lira não se fundamenta nas eventuais ideias e propostas de interesse público do deputado Mota como aspirante à presidência da Câmara. Ela se baseia em acertos sobre emendas parlamentares.

Continua após a publicidade

No desenho de Lira, ele será o árbitro da distribuição. Se der tudo certo, ele voltaria ao plenário em fevereiro como o mais influente dos deputados, tendo escolhido o sucessor e mantendo o controle do acesso às verbas do orçamento.

A aliança é pragmática, não impede que o PT de Lula e o PL Bolsonaro continuem se tratando publicamente como inimigos, e lembra Machado de Assis: não é preciso ter as mesmas ideias para dançar a mesma quadrilha.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.