Problema de Lula é o tempo, será difícil manter a vantagem de hoje
Até agora, o candidato do PT foi beneficiário de uma situação singular com um único concorrente — um presidente que há meses derrete nas pesquisas

Dia de festa no Partido dos Trabalhadores: celebra-se a liderança (com 48%) na disputa presidencial com uma vantagem de 27 pontos percentuais sobre o adversário do PL, Jair Bolsonaro (21%), segundo colocado na pesquisa do Ipec, antigo Ibope, divulgada ontem.
É uma proeza a dez meses da eleição e oito meses depois da reabilitação eleitoral, com anulação das condenações judiciais em processos sobre corrupção durante o seu governo (2003-2010).
A vantagem de Lula no retrato do Ipec, em dezembro, é a mais elevada até agora registrada em pesquisas. Em outras aparecia na frente, menos distante (10 a 18 pontos) de Bolsonaro, o candidato do Centrão.
No calendário das sondagens eleitorais, a próxima será do Datafolha. Outras 245 já foram divulgadas neste ano, na contagem do portal Jota. Não são comparáveis, por razões metodológicas, mas todas apresentam a mesma mensagem desde abril: Lula é líder e está isolado na preferência dos eleitores.
O problema de Lula é o tempo, a travessia dos próximos 300 dias. Até agora, ele foi beneficiário de uma situação singular com um único concorrente, Bolsonaro, há meses derretendo nas pesquisas eleitorais.
Desde abril, seu único adversário visível na praça é o presidente que sete em cada dez brasileiros dizem não confiar e desaprovam na maneira de governar — a desconfiança vai a 77% e a desaprovação sobe a 74% entre os mais pobres, com renda familiar até um salário mínimo, a maioria com título de eleitor no bolso.
A campanha vai ganhar ritmo a partir do verão. Lula enfrentará dificuldades crescentes para manter a vantagem que possui.
A lista de candidatos hoje com onze nomes, tende a ser reduzida até abril para cerca de oito.
O candidato do PT deverá ser cobrado, duramente, pelo que fez e deixou de fazer nos verões passados. Naturalmente, será o alvo principal no vale-tudo da desconstrução política.
Não deixa de ser um belo desafio para para quem ostenta vantagem de 27 pontos percentuais na pesquisa do dia e aposta na absolvição das urnas daqui a dez meses.