José Casado

Por José Casado

Informação e análise

Política

PL mantém distância da tática bélica de Bolsonaro, seu candidato

Na convenção, domingo, Bolsonaro poderá verificar a efetividade da retórica de campanha. O teste com público externo, os diplomatas estrangeiros, deu errado

Por José Casado SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 20 jul 2022, 06h55 - Publicado em 20 jul 2022, 06h00

BRASILIA, BRAZIL - MARCH 27: Brazil's President, Jair Bolsonaro (C), attend an event with members of his "Liberal Party" or PL and with supporters during the "Vou com ele" campaign, in Brasilia, Brazil, March 27, 2022. Bolsonaro, who is running for reelection, participates in the party event to present his candidacy for the next presidential elections scheduled for October 2022. (Photo by Mateus Bonomi/Anadolu Agency via Getty Images) — O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente Jair Bolsonaro - (Mateus Bonomi/Anadolu Agency/Getty Images)

Jair Bolsonaro deveria testar o engajamento do Partido Liberal na sua campanha de descrédito das instituições e do sistema de votação eletrônica.

Talvez se decepcione, mas terá uma chance durante a convenção do PL para confirmá-lo como candidato à reeleição, prevista para próximo domingo, no Rio.

O partido de Valdemar Costa Neto abrigou Bolsonaro, partilha caixa e cargos no governo, mas até agora fez questão de se exibir publicamente equidistante do candidato e, principalmente, de sua plataforma extremista.

No PL impera o pragmatismo. A prioridade não é eleger Bolsonaro, mas aumentar as bancadas legislativas. Na Câmara já possui a maior representação, com 78 deputados — o bolsonarismo é menos de um terço. No Senado possui 9 cadeiras e planeja chegar a 11 senadores.

As campanhas do partido e de seu candidato presidencial correm em órbitas paralelas, com rarefeita interação política, sem compromissos além de acordos financeiros e montagem de chapas em alguns Estados. No PL, há quem entenda que Bolsonaro está virando um candidato radioativo. Procuram Costa Neto, e ele desconversa.

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A convenção de domingo é oportunidade para Bolsonaro verificar a efetividade da sua tática de campanha baseada numa retórica bélica, com toques de nostalgia do golpismo dos anos 1960.

O teste com o público externo, os diplomatas estrangeiros, deu errado. Ontem, por exemplo, o governo Joe Biden divulgou nota exaltando a credibilidade do processo eleitoral (oito referências), do regime democrático (quatro) e das instituições nacionais (três). E ressaltou: “As eleições brasileiras conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.