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José Casado

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Informação e análise

Pior, é difícil

PL vai ficar na vitrine eleitoral de 2026 exposto como a central do golpe

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 out 2025, 11h27 - Publicado em 24 out 2025, 06h00

O maior e mais rico partido político brasileiro, abrigo de Jair Bolsonaro com o seu grupo parlamentar radical, corre risco de atravessar a temporada eleitoral de 2026 no banco dos réus do Supremo Tribunal Federal.

Na semana passada, o STF emitiu ordem judicial para retomada das investigações sobre o que o Partido Liberal fez na eleição de 2022 para manter Bolsonaro no poder. Isso vai deixar o PL exposto na vitrine política do ano que vem.

O principal partido de oposição estará no alvo por ter sido usado como tapume numa arquitetura de golpe de Estado adornada com plano de triplo homicídio: dos adversários Lula e Geraldo Alckmin, que derrotaram Bolsonaro e, agora, são prováveis candidatos à reeleição; e do juiz Alexandre de Moraes, na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral, hoje relator do processo no Supremo sobre a tentativa de golpe.

Até agora, o PL era sujeito oculto no julgamento da trama golpista. Permanecia elíptico, raramente nomeado, até em momentos relevantes, como o da confissão de Bolsonaro no tribunal:

— A cogitação (do golpe), a conversa (com os chefes militares), o início dessa questão de estado de sítio e estado de defesa teria sido em virtude da impossibilidade de recurso eleitoral, é isso? — quis saber o juiz Moraes.

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— Sim, senhor — reconheceu Bolsonaro.

— Mas o senhor sabe que o seu partido recorreu e perdeu, por unanimidade, no plenário do TSE. —O réu acenou com a cabeça, concordando.

Pouco depois da derrota nas urnas, o presidente do PL resolveu dar um presente a Bolsonaro. Valdemar Costa Neto pagou cerca de 1,5 milhão de reais ao empresário Carlos Rocha, dono da empresa Instituto Voto Legal, para produzir “relatório” sobre fraudes na apuração.

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Um perito contratado desmentiu a trapaça, mas o presidente do PL insistiu em disseminar a versão de “fraude” nas urnas eletrônicas. Ao mesmo tempo, apresentou à Justiça Eleitoral um pedido de auditoria, sugerindo manipulação de mais da metade (56%) dos 118,5 milhões de votos válidos.

“PL vai ficar na vitrine eleitoral de 2026 exposto como a central do golpe”

Valdemar julgou ser retribuição adequada às “gentilezas” de Bolsonaro, desde o arrendamento do partido, em 2021, quando entregou-lhe o comando de um banco federal (Nordeste); do fundo bilionário da Educação (FNDE); de áreas-chave na governança do meio ambiente (Ibama); da política fundiária (Incra); de infraestrutura (Dnit); de saúde e saneamento (Funasa); além de privilégios no pagamento de emendas do orçamento secreto.

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Para Bolsonaro, mostram os autos do processo, o gesto de Valdemar representou o alento necessário para tentar convencer os comandantes do Exército e da Aeronáutica, resistentes à proposta de golpe de Estado.

Na segunda-feira 14 de novembro, chamou para uma conversa no Palácio da Alvorada o chefe da FAB, Carlos Baptista, e o representante da força no comitê militar criado para auditar as urnas eletrônicas — o grupo havia afirmado em relatório oficial não ter encontrado irregularidade, mas a divulgação foi impedida por semanas.

Bolsonaro entregou ao brigadeiro uma cópia do relatório com a “auditoria” adquirida por Valdemar. Baptista contou no tribunal ter folheado o papelório, criticado erros de redação e, sobretudo, o ardil usado no texto para enganar o leitor na conclusão sobre fraude. “Sofisma”, nas suas palavras.

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Na Justiça Eleitoral, enquanto isso, o PL de Valdemar e Bolsonaro defendia uma recontagem de votos limitada ao segundo turno da eleição presidencial, embora as urnas eletrônicas fossem as mesmas utilizadas no primeiro turno, quando o partido festejou a eleição da maior bancada parlamentar, com 99 deputados federais e catorze senadores.

O partido teve seu recurso judicial rejeitado e ainda foi multado em 22,9 milhões de reais por “litigância de má-fé”. Entre a compra da “auditoria” e a multa da Justiça Eleitoral, o PL gastou ao menos 24,4 milhões de reais de dinheiro público naquilo que a Procuradoria-Geral da República descreve como a “última etapa” da “estratégia” de Bolsonaro para “fundamentar a tentativa de execução do golpe de Estado”.

Deu errado. A PGR, no entanto, não denunciou a cúpula do partido e, agora, recebeu ordem do STF para retomar o inquérito. Isso vai se estender pelo próximo ano, durante a campanha eleitoral. Então, o Partido Liberal ficará na vitrine, exposto como a central do golpe, com Bolsonaro e Valdemar capitaneando três dezenas de civis e militares — alguns assalariados do PL —, protagonistas num enredo de crimes contra a Constituição e o Código Penal. Pior, é difícil. Quase impossível.

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Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 24 de outubro de 2025, edição nº 2967

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