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Informação e análise

Opções de Lula: confronta o Congresso no STF ou renegocia tudo

Em ação coordenada, presidentes da Câmara e do Senado deixaram Lula sitiado no Congresso. Líder do PT se queixou de "traição" do deputado Hugo Motta

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 jun 2025, 08h00

Derrotas deixam um gosto amargo, difícil de aceitar, lamentava um líder petista no final da noite desta quarta-feira (25/6). Acabara de assistir à ação coordenada dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, que deixou Lula sitiado, reduzido ao apoio de apenas dois em cada dez parlamentares no Congresso.

Anulou-se o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras numa jornada de raridades, como a votação organizada nas duas Casas e no mesmo dia. Há mais de três décadas não se via nada parecido no Congresso. Desta vez, subtraíram do governo 12 bilhões em receita esperada para fechar as contas deste ano.

A derrubada do decreto presidencial foi um desastre para Lula. Na Câmara foram 383 votos contra os interesses do governo, e 98 a favor.  Dois terços dos votos antigoverno saíram de sete partidos que estão inscritos na base parlamentar governista (União, MDB, PSD, PSB, PV, PP e Republicanos). No Senado optou-se pela votação simbólica, sem contagem nominal, salvando aparências.

A derrota era previsível. Na semana passada, a Câmara registrou 346 votos a favor da “urgência” na votação para derrubada do decreto presidencial. O apoio ao governo ficou reduzido a 97 votos, um a menos que o total desta quarta-feira. Aquele placar já traduzia a ênfase da mensagem majoritária: 78% dos parlamentares se perfilaram no plenário contra o governo Lula — a maioria pertencia a partidos da base governista que têm ministérios.

Na época, a quantidade de votos na aprovação (346) da “urgência” da votação para anular o aumento de imposto já havia sido superado até o quórum necessário para a Câmara aceitar o pedido de impeachment de um presidente (mínimo de dois terços dos deputados, ou seja, 342 dos 513). O volume aumentou 10% nesta quarta-feira.

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Não restam muitas alternativas a Lula. Uma delas é começar de novo, negociando em novas bases o fechamento das contas deste e do próximo ano eleitoral. A chance de isso acontecer, no entanto, é remota.

À noite, depois da derrota, havia mais gente no governo e no PT a favor de iniciar uma briga judicial com a Câmara e o Senado, com apelo à interferência do Supremo Tribunal Federal.

É uma hipótese em discussão no Palácio do Planalto. O problema é o alto custo político embutido para Lula, que tem mais 18 meses de mandato, e, para o STF, que é visto no Congresso como tribunal “alinhado” ao governo.

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— Eu chamo a atenção dos partidos de centro — apelou o líder do bloco governista, José Guimarães, em aparente desnorteio. — Vamos rediscutir o gasto? Vamos, há medidas tramitando aqui nesta Casa. Nós vamos ou não cortar em 10%, linearmente, os incentivos fiscais, as isenções fiscais? Nós podemos ou não discutir… Não é uma vitória contra o governo Lula, derrubar esse decreto (de aumento do imposto) é a derrota do Brasil.

O líder do PT, Lindbergh Farias, protestou contra o presidente da Câmara insinuando uma “traição” ao governo. — Eu não entendi, porque em todos os momentos a gente fez campanha para o presidente Hugo Motta, e sempre o elogiamos porque ele dizia: ‘Eu não coloco nada no plenário sem passar pelo colégio de líderes’. Como líder partidário, tomei um susto quando soube que estava pautado o projeto. Eu não sei o que aconteceu. Estive presente na reunião com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), e lá discutimos propostas: o que vamos fazer? Foi daí que surgiu a Medida Provisória que tratava de desoneração de benefícios tributários, de tributação das bets, dos bancos, juros sobre capital próprio, das fintechs. Mas não entendi a sua mudança de posição. No outro dia, eu comecei a ver a movimentação de lobbies econômicos poderosíssimos.

Continuou: — Essa coalizão econômica e política é para impor retrocesso, desvincular o salário-mínimo da Previdência, saúde e educação. É um absurdo! O que eles querem? Que um aposentado ganhe menos de um salário-mínimo? Há abutres de plantão querendo atrapalhar o Lula, achando podem garrotear o Lula. Estão tirando 12 bilhões de reais (receita prevista com aumento do IOF). Isso é um fato, mas só demonstra o medo que eles têm do Lula. Ficam olhando a eleição, falando nomes e dizem: ‘Mas o Lula é um perigo’. Sabe por que o Lula é um perigo? Porque nós estamos com o menor desemprego da história, a menor desigualdade da história, a maior renda dos trabalhadores da história…

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Luiz Lima, líder do Partido Novo, interveio com mordacidade: — O sonho de todo brasileiro é viver na propaganda do PT. Parece que estamos na Suíça, na Finlândia, na Dinamarca, na Noruega. De 2000 para cá, em 25 anos, o PT governou este país por 17 anos. E o que a gente vê aí é um Brasil com vulnerabilidade social, com problema seríssimo de moradia, de tráfico e milícia. E ainda querem penalizar quem produz. Olhe, vossas excelências vão tomar uma lavada. Vossas excelências já foram para o brejo…

Lula está numa encruzilhada. Vai precisar escolher entre o confronto político e judicial com a Câmara e o Senado ou o recomeço de uma negociação em bases diferentes, porque nem nos partidos governistas se vê disposição para facilitar sua candidatura à reeleição no ano que vem.

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