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No apagão, ministro das Minas e Energia ataca prefeito e desmente Lula

Lula anunciou disposição para "renovar o acordo” com a Enel, com três apagões em São Paulo em um ano. O ministro Alexandre Silveira diz que é fake news

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 out 2024, 08h00

Três meses atrás, no sábado 15 de junho, Lula estava em Borgo Egnazia, Puglia, sul da Itália. Reuniu-se com os principais executivos do grupo Enel e, à saída, anunciou a disposição do governo federal de manter a concessão da Enel para exploração de serviços de energia a 10 milhões de clientes em São Paulo e no Ceará.

“A gente está disposto a renovar o acordo”, disse Lula, “se eles assumirem o compromisso de fazer investimento, e eles assumiram o compromisso”. Explicou: “Ao invés de investirem R$ 11 bilhões, eles vão investir R$ 20 bilhões nos próximos três anos, prometendo que não haverá mais apagão em nenhum lugar em que eles forem responsáveis.”

No mês seguinte, o executivo-chefe da Enel, Flavio Cattaneo, acompanhou o presidente italiano Sergio Matarella numa visita a Lula, em Brasília. “Reafirmaram ainda mais esse acordo”, confirmou a empresa, que tem cerca de 23% do capital sob controle do governo e se define como “empresa líder na geopolítica da Itália”.

“Esse ano não teremos problema energético”, celebrou em setembro o Alexandre Silveira, ministro das Minas e Energia, após uma reunião em São Paulo com o ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética da Itália, Gilberto Prichetto Fratin, sobre a “melhoria da qualidade” dos serviços da Enel em São Paulo.

Na tarde de sexta-feira passada (11/10), Silveira estava em férias e Lula fazia comícios no Ceará quando um temporal derrubou árvores e provocou o desligamento da rede de abastecimento da empresa italiana para mais de dois milhões de residentes na capital paulista. Foi o terceiro apagão da Enel em São Paulo nos últimos doze meses.

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Nesta segunda-feira (14/10), com 72 horas de apagão na cidade, o governo aparentava ter perdido o rumo diante da nova crise. Com Lula emudecido, Silveira foi para a linha de frente com a melhor arma que encontrou para defender do governo: culpou Enel, Aneel e prefeitura não necessariamente nessa ordem.

O ministro abstraiu o ministério e a presidência. Nem mencionou a alternativa de aterramento da rede elétrica, cujos custos a prefeitura paulistana estima em 20 bilhões de reais, o equivalente ao investimento da Enel anunciado por Lula.

São Paulo tem cerca de 600 mil árvores é insuficiente para a cidade, que continua a aparecer como grande massa cinzenta nas imagens de satélite. O temporal de sexta-feira derrubou 383 plantas na contagem da prefeitura. E metade dos apagões na cidade, segundo o ministério, têm como causa a queda de árvores sobre a rede elétrica.

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O ministro preferiu mirar no prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputa a reeleição contra o candidato escolhido por Lula, Guilherme Boulos (Psol): “O prefeito aprendeu rápido com o seu concorrente aqui, Pablo Marçal, campeão das fake news e da falsificação de documento público, quando ele fez uma fake news, dizendo que nós estávamos tratando da renovação da distribuição da Enel.”

É uma crise em que todos têm razão, principalmente os milhões de clientes da Enel. Mas Silveira inovou na autodefesa: desmentiu em público um anúncio feito por Lula três meses atrás, publicamente e na sua presença.

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