Na recepção a Lula, Macron mostrou a divisão no Itamaraty
Para diplomatas estrangeiros, dificilmente um adversário político de Bolsonaro seria recebido na França, Espanha e Alemanha sem consulta prévia a Brasília
Jair Bolsonaro não gostou de ver Emmanuel Macron, presidente da França, recebendo o adversário Lula com cerimonial reservado a chefes de Estado, dias atrás, em Paris.
Bolsonaro já insultou Macron e família. A recepção a Lula foi uma resposta ferina e polida do francês. Acertou no alvo, indica a reação do brasileiro.
Para diplomatas estrangeiros, o gesto de Macron, coordenado com o presidente da Espanha Pedro Sánchez e o novo chanceler da Alemanha Olaf Schulz, mostrou que persiste uma clara divisão na diplomacia de Bolsonaro.
Isso porque dificilmente os governos da França, Espanha e Alemanha receberiam um dos principais adversários políticos do presidente brasileiro, numa temporada pré-eleitoral, sem consulta prévia — mesmo informal — à chancelaria em Brasília.
A ambiguidade às vezes é a força vital da diplomacia, ensinou Henry Kissinger, ex-secretário de Estado americano.