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Lula favorito é desafio para a limitada máquina eleitoral petista

PT tenta superar limitações da sua máquina eleitoral, consequência direta do encolhimento do partido nas disputas municipais dos últimos seis anos

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 Maio 2022, 08h41 - Publicado em 27 Maio 2022, 08h00

A pesquisa Datafolha de ontem deu motivos para o Partido dos Trabalhadores resgatar o sonho da vitória de Lula no primeiro turno.

É matemática simples e legítimo: excluídas as intenções de voto nulo, em branco e aqueles que se declaram indecisos, o resultado é Lula com 54% dos votos válidos — três pontos além do necessário para liquidar a disputa presidencial no domingo 2 de outro.

Não é impossível, mas é difícil pelo histórico eleitoral do candidato e do seu partido, pelas condições adversas na batalha dos próximos quatro meses ou até pela eloquência realística do clichê — pesquisa é fotografia, eleição é filme de emoção.

A experiência leva alguns dirigentes petistas a trabalhar com cenários que julgam mais realistas, com olhos nas fragilidades.

Uma delas é a redução da estrutura de campanha em relação à existente no ciclo áureo de Lula-Dilma, entre 2002 e 2014.

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As limitações da máquina do PT hoje, para o corpo-a-corpo na caça aos votos na base do eleitorado, são consequência direta do encolhimento do partido nas disputas dos últimos seis anos.

Entre 2016 e 2020, por exemplo, o número de prefeituras petistas caiu 29,5% (de 254 para 179).

Eleições municipais, constatam pesquisadores como Antônio Lavareda e Helcimara Telles, costumam sinalizar tendências para as disputas nacionais dois anos depois.

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Esse é o foco das preocupações de parte da cúpula do PT. O desafio previsível é driblar as sequelas dessa regressão na máquina eleitoral nos municípios.

Requer planejamento e organização, paradoxalmente escassos na campanha de Lula, nessa etapa, assim como recursos financeiros, materiais de campanha e, sobretudo, líderes municipais para realizar a tradicional intermediação com diferentes segmentos de eleitores.

Até 2014 havia fartura. Se passaram oito anos. “Se o partido reverter [a lógica da sinalização das eleições municipais], crescendo ao invés de diminuir, em 2022, será algo inédito” — registraram analistas da Vector Research em relatório enviado ontem a investidores, com base em consultas na cúpula petista.

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A empatia de Lula, somada às engrenagens dos aliados, poderia ser suficiente, levando-se em conta o cenário favorável de hoje desenhado em pesquisas como a do Datafolha.

Há pela frente, no entanto, uma eternidade de quatro meses numa disputa onde a polaridade Lula-Bolsonaro é tendência, com todas ressalvas adequadas.

Se mantida, do outro lado há um adversário cuja base de aliados (PP, PL e Republicanos) é relativamente mais densa do que a do PT no domínio de estruturas partidárias regionais e municipais.

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Ela sustenta o governo no Congresso e nos últimos dois anos recebeu oito de cada dez reais dos recursos federais liberados no chamado orçamento paralelo.

Pelas contas da Comissão de Orçamento do Senado foram cerca R$ 30 bilhões, dos quais um terço usados para engajar prefeitos, vereadores e deputados estaduais na campanha de reeleição de Bolsonaro. E o governo nem começou a usar o arsenal financeiro construído para a campanha. Existe aí uma nítida desvantagem para o PT de Lula, há seis anos longe do poder.

Em contrapartida, observa-se uma prolongada estagnação do presidente-candidato nas pesquisas com elevada rejeição (53% no levantamento do Datafolha).

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Aparentemente, Bolsonaro não se recuperou junto aos eleitores do desgoverno na pandemia. E ainda não conseguiu apresentar-lhes uma alternativa à inflação crescente e disseminada, que corrói a capacidade de sustentar o padrão de vida das famílias.

Eles culpam o governo, Bolsonaro finge que não é com ele, passa o tempo tentando mudar de assunto. Por isso, patina nas pesquisas.

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