“Estamos à beira da guerra com a Rússia e a China em questões que criamos parcialmente, sem nenhum conceito de como isso vai acabar ou a que deve levar (…) A política que foi realizada [pelos Estados Unidos e China] produziu e permitiu o progresso de Taiwan em uma entidade democrática autônoma e preservou a paz entre a China e os EUA por 50 anos (…) Deve-se ter muito cuidado, portanto, em medidas que parecem mudar a estrutura básica (…) Aparentemente, o atual governo dos EUA não tem ideia sobre qual é o equilíbrio, pois primeiro você tem que admitir a legitimidade de sua contraparte. Se você contestar a legitimidade incluindo a soberania de sua contraparte, é impossível alcançar um equilíbrio. Na minha opinião, o equilíbrio tem dois componentes. Uma espécie de equilíbrio de poder, com a aceitação da legitimidade de valores às vezes opostos. Porque se você acredita que o resultado final de seu esforço deve ser a imposição de seus valores, acho que o equilíbrio não é possível. Então, um nível é uma espécie de equilíbrio absoluto. Outro nível é o equilíbrio de conduta, ou seja, há limitações para o exercício de suas próprias capacidades e poder em relação ao que é necessário para o equilíbrio geral (…) Tudo o que você pode fazer é não acelerar as tensões e criar opções, e para isso é preciso ter algum propósito.”
(Henry Kissinger a Laura Secor, do Wall Street Journal. Nascido alemão e refugiado do nazismo nos Estados Unidos, ele foi conselheiro de presidentes e secretário de Estado nas décadas de 60 e 70 do século passado. Aos 99 anos de idade, apreensivo com o futuro, está lançando o livro “Six Studies in World Strategy” no qual analisa a liderança de políticos como Konrad Adenauer, Charles De Gaulle, Richard Nixon, Anwar Sadat, Lee Kuan-Yew e Margaret Thatcher.)