Governo segue sem saber o destino dos bilhões roubados do INSS
Se passaram 45 dias desde a revelação da fraude. Ainda não se sabe a dimensão do roubo, quais os envolvidos, se e quando os lesados serão compensados

Nem o governo nem a Justiça sabem onde foram parar os 6,3 bilhões de reais desaparecidos na roubalheira da Previdência Social nos últimos três anos. Não é pouco. Equivale a 1,1 bilhão de dólares. Supera o gasto federal previsto para este ano em programas relevantes de assistência social, como Vale-gás e Farmácia Popular.
Até agora, foram localizados menos de 200 milhões de reais, ou seja, cerca de 3% do dinheiro furtado de milhões de aposentados e pensionistas — o número real não é conhecido, mas está estimado em mais de 4 milhões de clientes do INSS.
Se passaram 45 dias desde a revelação da roubalheira, depois de ano e meio de investigação. Até agora, porém, o governo ainda não conseguiu estabelecer a real dimensão da fraude nem distinguir com precisão quais as organizações sindicais, as empresas privadas e os servidores públicos envolvidos.
Mês e meio depois de se descobrirem vítimas de furto, legitimado por um órgão estatal encarregado da gerência da Previdência, aposentados e pensionistas continuam sem saber quando e como serão indenizados.
Sobram promessas, mas o governo continua patinando: como não consegue saber quantas e quais pessoas foram roubadas, nem quanto dinheiro perderam, não consegue avançar na análise de alternativas para ressarcimento dos lesados do INSS.
Numa típica ação de marketing para controle de danos, o Ministério da Previdência começou a usar agências dos Correios para atendimento pessoal aos clientes que suspeitam terem sido roubados na rede eletrônica da Previdência.
Foi a forma que o governo encontrou para avisá-los: o INSS vai devolver 300 milhões de reais que, erroneamente, reteve no mês passado. Quando? Até dezembro, informa-se aos aposentados e pensionistas.
Sobre o ressarcimento dos 6,3 bilhões de reais surrupiados em três anos de fraude, ninguém sabe. O governo continua na mesma posição em que estava mês e meio atrás, quando a fraude foi revelada: imóvel.