Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Prorrogamos a Black: VEJA com preço absurdo
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise

Eleitores aflitos

Preocupação com aumento da violência urbana é recorde

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 dez 2025, 11h30 - Publicado em 5 dez 2025, 06h00

Lula vai completar onze anos de governo no réveillon. Com três mandatos, em duas décadas, já bateu o recorde de 4 015 dias no Palácio do Planalto. Somente dois políticos permaneceram mais tempo no poder. Pedro II reinou nas últimas seis décadas do Império (1831 a 1889). Getúlio Vargas foi ditador por quinze anos (1930 a 1945), elegeu-se (1951) e ficou três anos na Presidência — até o suicídio (1954). Na luta por um quarto mandato, Lula se mostra enredado nos mesmos problemas que vem driblando desde a primeira disputa presidencial, há 36 anos.

O impasse sobre a política de segurança pública é exemplar. Nunca foi tema prioritário em sua agenda eleitoral. No governo, ele sempre zelou pela prudente equidistância, deixando os governadores com a responsabilidade exclusiva pelos infortúnios nas ruas inseguras. Lula continua sem plano, sem rumo e, principalmente, sem governo com um claro sentido de urgência para a insegurança pública.

Os eleitores, porém, teimam em colocar o aumento da criminalidade no topo da lista dos problemas brasileiros. O nível de preocupação com a violência é o dobro de um ano atrás, indicam diferentes pesquisas. Hoje, exemplifica sondagem da Quaest, a inquietude da população com a escalada da delinquência violenta nas cidades brasileiras é o triplo das aflições declaradas em outubro de 2024 com inflação, pobreza, desemprego, corrupção, má qualidade na saúde e na educação. Nesse quadro cabe a interpretação de incentivo coletivo aos partidos e candidatos a apresentarem propostas de política de segurança pública no debate eleitoral de 2026.

Lula tateia. Numa conversa telefônica recente com Donald Trump, sugeriu ampliar a cooperação entre polícias do Brasil e dos Estados Unidos nas investigações sobre o circuito transnacional de lavagem de dinheiro do crime organizado. A sugestão de Lula tinha alvo e endereço certo: a engrenagem de lavagem de dinheiro de fraudes bancárias e das máfias nacionais (Primeiro Comando da Capital, o PCC, e Comando Vermelho) que começa em escritórios financeiros de São Paulo e se oculta no universo das empresas de prateleira sediadas no paraíso fiscal de Delaware, centro bancário e petroquímico a 200 quilômetros de Nova York.

Foi uma sugestão diplomática perspicaz numa etapa de ênfase de Trump na retórica anticrime, realçada pelo estacionamento de uma força-tarefa militar de catorze navios e 15 000 soldados no Mar do Caribe, supostamente para “contenção” do fluxo de narcotráfico sul-americano. Lula sabe que a iniciativa é insuficiente, mas, sem bússola nem plano para transformação do panorama de insegurança, recorre à sua melhor arma eleitoral — a eloquência no palanque.

Continua após a publicidade

“Preocupação com o aumento da violência urbana é recorde”

Depois da conversa com Trump, durante viagem a Pernambuco, discursou sobre a violência contra mulheres. E acabou por introduzir a pena de morte no debate da política anticrime: “Até a morte é suave (para punir agressores de mulheres). Aquele cara que bateu na moça com 61 socos… que pena merece um cara desse?… É preciso que haja um movimento nacional dos homens contra os animais que batem, que judiam e maltratam as mulheres”. Na versão oficial suprimiu-se o “judiam”, considerada palavra politicamente imprópria.

A cúpula do Partido dos Trabalhadores parece ter ficado mais incomodada com a veemência de Washington “Quaquá” Siqueira, vice-presidente do partido. Enquanto Lula falava aos pernambucanos, ele foi a um seminário do partido sobre segurança pública no Rio de Janeiro. E comentou a recente ação policial em favelas da Zona Norte carioca que terminou com 122 mortos, entre eles cinco policiais: “Ou a gente entra nesses territórios para mudar a prática e a vida do território e libertar a vida do povo… se a gente não faz isso, ninguém o fará. É óbvio que a polícia do Rio, o Bope, só matou ali otário, vagabundo, bandido. Eu perguntei: ‘Tem trabalhador aí?’. Não. Tudo bandido…”.

Continua após a publicidade

Um ano atrás, Quaquá celebrou a eleição para um terceiro mandato na prefeitura de Maricá (RJ) com o anúncio de mudança na segurança pública da cidade, onde vivem 190 000 pessoas: “Não toleraremos domínio armado do território. Quem portar fuzil vai pra vala. E a palavra é esta: quem portar fuzil vai pra vala!”.

O vice-presidente da sigla acirra ânimos no PT porque personifica contradições visíveis na crise interna do partido, passível de levá-lo à fragmentação. Quaquá, Tarcísio de Freitas e Lula são políticos de gerações diferentes. Às vésperas da temporada eleitoral de 2026, no entanto, demonstram que ainda não têm uma resposta objetiva à principal preocupação dos eleitores: o crescimento da insegurança pública.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 5 de dezembro de 2025, edição nº 2973

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.