Desafio de Tarcísio é manter equidistância de Bolsonaro depois da eleição
Ex-presidente se tornou um peso por causa da alta rejeição — à beira de 60% na média das pesquisas sobre a eleição na capital paulista
As pesquisas desta semana confirmam: nada de novo aconteceu no segundo turno em São Paulo e a tendência é um desfecho da eleição que não deve ser favorável aos interesses de Lula e do candidato que ele escolheu, Guilherme Boulos, do Psol.
Boulos saiu do primeiro turno precisando de uma espécie de milagre para reduzir a alta rejeição eleitoral e conquistar fatias dos eleitores moderados e conservadores. Coisa rara em política, mas aconteceu: o milagre veio na forma de um temporal e do apagão de energia na semana passada. Qual foi a consequência em votos para o candidato da oposição? Nada de novo no front eleitoral. No início desta semana, repetiu-se o milagre, em menor escala. No entanto, ainda não surgiram novidades, informam as mais recentes pesquisas.
Se nas próximas 72 horas nada mudar o roteiro do voto desenhado pelos eleitores nessas diferentes sondagens, é provável que na noite de domingo São Paulo tenha um prefeito reeleito, Ricardo Nunes, do MDB, e uma nova referência legitimada na cena política nacional, o governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos.
Eventual conquista faria a capital reluzir num mapa eleitoral onde 60% dos 645 municípios paulistas passam ao controle de Tarcísio e aliados, com destaque para o PSD e o MDB. Não seria pouca coisa para o currículo de um burocrata recém-convertido à política, com apenas 22 meses de mandato no governo do Estado que possui o segundo orçamento da República e é dono do maior colégio eleitoral do país.
Como ele vai lidar com isso, é imprevisível — até porque não tem histórico. Vai depender das suas escolhas a partir da próxima semana. A mais relevante será a decisão sobre o que fazer em 2026. Tentar a reeleição é alternativa óbvia. Mas a sedução do poder pode encaminhá-lo a uma outra batalha, talvez mais complexa, e se arriscar na disputa da presidência contra Lula ou um substituto.
Em qualquer cenário, Tarcísio precisará definir um protocolo de equidistância de Jair Bolsonaro e dos seus aliados extremistas. É seu principal desafio, caso mantenha a ambição de agregar os votos do eleitorado de centro, dentro ou fora do Estado de São Paulo. Bolsonaro se tornou um peso por causa da alta rejeição — à beira de 60% na média das pesquisas. Esse é um filme que Tarcísio assistiu na campanha paulistana que está terminando.