Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Derrotado, presidente argentino decide festejar triunfo que não existiu

Alberto Fernández avança de derrota em derrota sem perder o entusiasmo: diante do fracasso nas urnas, escolheu a ilusão da vitória

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 nov 2021, 13h32 - Publicado em 15 nov 2021, 09h00

O presidente argentino Alberto Fernández avança de derrota em derrota sem perder o entusiasmo: marcou para quarta-feira nas ruas de Buenos Aires a comemoração de um triunfo eleitoral que, simplesmente, não existiu.

Fernández, de 62 anos, advogado criminalista, acostumou-se a recorrer à ilusão da vitória no manejo do Direito Penal. Na política, porém, costuma ser um recurso prévio ao desespero.

Ontem, a aliança que elegeu Fernández perdeu as eleições legislativas por diferença expressiva (9%) que indica o fim de um ciclo de duas décadas no peronismo. Mesmo assim, ele gravou um discurso marcando dia, hora e local para celebrar a vitória.

O peronismo perdeu a maioria simples que detinha no Senado. Eram 41 senadores peronistas, agora a bancada será reduzida a 35. A oposição liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri avançou de 15 para 31 senadores.

Na prática, até para aprovar um projeto de lei ordinária, o governo vai precisar negociar com os adversários no Senado, onde a estrela peronista é Cristina Kirchner, vice-presidente de Fernández, para quem a palavra “negociação” sempre foi sinônimo de derrota.

Continua após a publicidade

Tendo governado a Argentina, primeiro com o marido Néstor Kirchner, presidente de 2003 a 2007, e, na sequência, elegendo-se sucessora por oito anos, ela é a figura mais poderosa do peronismo. Montou a aliança que deu vitória a Fernández em 2019, assumiu como vice-presidente e presidente do Senado.

Cristina e Fernández mal se falam. Eles instituíram um regime de coabitação no presidencialismo argentino, no qual ela tem poder de demitir ministros, nomear funcionários em áreas-chave do governo e determinar o rumo das políticas econômicas e externa.

Até aqui, Fernández presidia, Cristina governava. A magnitude da derrota eleitoral de ontem deixa o presidente exposto como primeira vítima da implosão eleitoral de uma débil aliança formatada por Kirchner há três anos para elege-lo.

Para ele, presidir a Argentina vai ficar ainda mais complicado. O mapa dos resultados mostra a vice Cristina liderando a ala majoritária no peronismo com menos votos do que possuía, porém, praticamente todos os votos dados ao partido peronista ontem saíram de redutos eleitorais controlados por ela.

Continua após a publicidade

Esse quadro, agravado pela resistência em negociar para governar, tende a deixar a Argentina num impasse político que, no mínimo, garante a persistência da grave crise econômica até à eleição presidencial de 2023.

É muito tempo para um país com inflação anual acima de 50%, cinco vezes maior que a brasileira, e pobreza recorde afligindo 46% da população. Mantidas as condições de hoje, em dezembro esgotam-se as reservas cambiais disponíveis.

Para ter fôlego na travessia até 2023, Fernández depende de um acordo com o Fundo Monetário Internacional, demonizado por Cristina porque isso obrigaria o governo, por exemplo, a assumir um plano de redução do déficit fiscal, com que, aparentemente, os peronistas não têm e nem pretendem ter.

Diante da realidade do fracasso nas urnas, Fernández se refugiou na ilusão da vitória. Talvez seja o seu penúltimo recurso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

3 meses por 12,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.