“O que aconteceu é que o Lula era uma coisa e se corrompeu. E eu vi de perto ele se corrompendo. Se corrompeu por interesses econômicos, pragmáticos. Desculpa, não tenho nenhum prazer em dizer isso: compara o meu patrimônio… Em 2018 eu estava dizendo, com muita clareza, que ele é isso aí mesmo. Eu estava dizendo que ele estava mentindo, agora ele estava na cadeia… Foi um bom presidente, ora, não dá pra desdizer: o Lula foi um bom presidente nas circunstâncias em que ele governou o Brasil. Não tinha projeto de nada, não fez nenhuma reforma institucional para o país, não mudou absolutamente nada, mas não posso classificar o Lula senão me alieno da realidade. O Lula terminou o governo dele com 86% de aprovação, então, que ele foi um bom presidente, está de bom tamanho. Qual é a minha crítica? A minha crítica é basicamente o seguinte: o Lula, de um tempo para cá, se corrompeu organicamente, sabe, não dá para fazer de conta que ele não se corrompeu organicamente. O patrimônio pessoal do Lula não se explica. O Lula, hoje, está agarrado com Geddel Vieira Lima [ex-ministro nos governos Lula e Michel Temer] aquele dos 51 milhões [de reais, em espécie] na mala de dinheiro na Bahia. Hoje está agarrado com Eunício Oliveira, com 1 bilhão de reais em contratos sem licitação na Petrobras. Hoje está com Renan Calheiros, toda essa esculhambação da Transpetro [subsidiária de logística da Petrobras]. Percebe? Não mudou nada. Pelo contrário, ele hoje está seguro de que o crime compensa. E isso é a parte da corrupção, que, talvez, não seja a mais grave, sendo gravíssima. Por que que o povo de São Paulo, do Rio, de Minas e do Rio Grande do Sul deu quase 70% de votos ao Bolsonaro? Será que foi porque o Bolsonaro tinha uma obra extraordinária? Não. O Bolsonaro vinha como deputado do baixo clero, era um picareta que roubava dinheiro da gasolina, do gabinete, roubava dinheiro de funcionário fantasma. Foi pela proposta encantadora? O Bolsonaro tinha alguma resposta para a Educação, para a Saúde, para a Economia? Não, também não tinha essa proposta [cita:] ‘Fala aí com o posto Ipiranga’… Que que aconteceu? Aquela mesma percepção que o povo tinha, como eu tinha lá pra trás, é que naquela data [2018] o Lula era o responsável pela maior crise econômica da nossa história. Desculpa, quem botou a Dilma na linha de sucessão? Quem num conchavo que hoje tá se repetindo igualzinho com [Geraldo] Alckmin botou Michel Temer [como vice-presidente de Dilma Rousseff] na linha de sucessão?”
(Ciro Gomes, candidato presidencial do PDT, a Renata Lo Prete, da TV Globo/G1.)