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José Casado

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Informação e análise

Aos pedaços

MBL vira partido e tenta escapar do moedor em que parte da direita se meteu com Bolsonaro

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 nov 2025, 12h22 - Publicado em 7 nov 2025, 06h00

Sete quilômetros separam a casa onde Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar e o presídio da Papuda, cárcere de 5 000 condenados. Na semana passada, o governo de Brasília pediu uma avaliação do seu quadro clínico. Quer saber se o “apenado” de 70 anos de idade, com sete cirurgias no histórico hospitalar dos últimos sete anos, pode ser socorrido no serviço médico do sistema penal, caso necessário.

A fantasmagoria da Papuda perturba o ex-presidente, conta quem o visitou recentemente. Ele não fala sobre a vizinha do bairro Jardim Botânico, em negação à realidade da sentença de 27 anos e três meses de prisão por crimes em série contra a Constituição — um deles, tentativa de golpe de Estado.

Sua melhor chance para evitá-la é obter do Supremo Tribunal Federal ordem de prisão domiciliar por razões médicas. Há precedente. Os juízes fizeram coisa parecida em maio: aceitaram o argumento do ronco noturno como sintoma de risco à saúde de outro ex-presidente. Condenado a oito anos e dez meses de cadeia por corrupção, Fernando Collor está há cinco meses aprisionado num apartamento de cobertura de frente para o mar em Maceió.

Enquanto isso, esvaem-se as perspectivas de influência do clã Bolsonaro. Estão fracionadas as forças da direita que ajudaram a elegê-lo em 2018, com retórica renovada e ativismo pleno em redes sociais, reassumindo seu lugar na paisagem política.

Evidência disso está na certificação da Justiça Eleitoral na semana passada concedida ao partido Missão, o trigésimo na constelação brasileira. Consolida o Movimento Brasil Livre, que apareceu nas ruas de São Paulo num sábado ensolarado do inverno de onze anos atrás, em protesto contra o reformismo de Lula e Dilma, do Partido dos Trabalhadores e organizações satélites.

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Os fundadores do partido Missão se tornaram pioneiros no novo racha da direita já na campanha presidencial de 2018. Pagaram o preço da rejeição à idolatria a Bolsonaro (“Mito” na propaganda, irônica redução do apelido “Palmito”) e da contestação em público: “O capitão-deputado não é um liberal”, repetiam em palanques e entrevistas.

“MBL vira partido e tenta escapar do moedor em que parte da direita se meteu com Bolsonaro”

A conversão do MBL em partido representa uma tentativa de escapar do moedor em que boa parte dos grupos políticos de direita se submeteu ao apoiar Bolsonaro, o seu projeto de hegemonia política familiar e, ainda, relativizar a conspirata condimentada por plano de assassinatos para se manter no poder. Tudo a pretexto do antipetismo.

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Aparentemente, uma parte da direita brasileira optou por se alinhar — por ação ou omissão — à política de interferência do governo Donald Trump na América do Sul. O resultado é o flerte desses grupos com a intervenção externa na política e na economia nacional.

Encobrem-se a histórica incompetência e a falta de propostas realistas dos governos para lidar com máfias do narcotráfico e do banditismo policial com a propaganda de ações legislativas esdrúxulas, mas conectadas ao arsenal de leis extraterritoriais de Washington.

É o caso, por exemplo, do projeto que equipara gangues criminosas a organizações terroristas. Tem o aval do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e conta com o fervor do secretário de Segurança, Guilherme Derrite.

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Ex-policial militar, com envolvimento em dezena de homicídios, Derrite é deputado federal licenciado e planeja retornar à Câmara para relatar o projeto classificando facções do crime como terroristas. Ele supõe que a aprovação ajudaria a alavancar sua candidatura ao Senado no ano que vem. A hipótese é razoável, porque “terrorismo” define com precisão o sentimento de insegurança, de intimidação e de violência de um terço dos brasileiros, que residem em áreas sob a ditadura do narcotráfico e de milícias.

O problema é o custo político derivado desse entusiasmo do governador paulista e de seu secretário, eventual beneficiário. Seria inconstitucional, dizem juízes do STF antevendo uma batalha judicial. E, principalmente, deixaria o Brasil numa situação bem esquisita. Se transformaria num país onde máfias criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) estariam classificadas como grupos terroristas; porém, organizações políticas proscritas nos Estados Unidos e na Europa, como Hezbollah, Boko Haram, Hamas e Farc, continuariam isentas em solo brasileiro.

O bolsonarismo derrete. Parte da direita brasileira navega sem bússola e sem rumo.

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Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 7 de novembro de 2025, edição nº 2969

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