América Latina já não confia na liderança global de Lula
Pesquisa mostra que desconfiança em Lula é maior entre chilenos (62%), mexicanos (60%), peruanos (55%) e colombianos (53%)
Lula já não é visto como um político confiável para liderar a América Latina em assuntos globais. É o que mostra pesquisa realizada pelo Pew Research Center com 5.180 pessoas, entrevistadas entre janeiro e abril passado.
A maioria (55%) no México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia não confia em Lula para “fazer a coisa certa” na política externa.
Os que menos confiam em Lula são os chilenos (62%), seguidos pelos mexicanos (60%), peruanos (55%) e colombianos (53%). Os argentinos se dividem (49% desconfiam, 40% confiam).
O panorama da opinião pública nesses países sugere uma relativa perda de importância de Lula no papel de líder regional, ao contrário da imagem externa favorável que possuía ao encerrar o primeiro ciclo de governo (2003-2010).
Isso se reflete na percepção regional majoritária, captada na pesquisa, de que praticamente nada mudou na política externa brasileira nos anos recentes.
Na média, 49% consideram que a influência global do Brasil continua a mesma. Essa avaliação tem realce nos Estados Unidos (64%), no México (57%) e na Colômbia (50%).
No Chile análise difere: 33% acham que nos anos recentes houve uma erosão na influência brasileira no mundo; 37% discordam, julgam que continua tudo igual, e 8% consideram que houve um revigoramento.
A pesquisa do Pew Research Center foi feita à propósito da reunião de cúpula dos 20 países mais industrializados (G20) que vai acontecer em novembro, sob presidência brasileira.
São múltiplas as explicações possíveis, se consideradas as circunstâncias políticas de cada país. No Peru, por exemplo, é provável alguma influência das revelações de Lava Jato sobre corrupção provocaram uma grave crise política, com renúncias, prisões e até um suicídio de um ex-presidente, por envolvimento com a empreiteira brasileira Odebrecht. A crise continua.
A discussão dos resultados da pesquisa, no entanto, não elimina a mensagem central captada no levantamento: a imagem de exuberância que Lula exibia como líder regional, duas décadas atrás, é um retrato desbotado.