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Jorge Pontes

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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.

‘Faça a coisa errada, sempre’ parece ser o lema do governo Jair Bolsonaro

O ingrediente político, em nosso país, tem a capacidade de corromper o que é certo e naturalizar o que é errado

Por Jorge Pontes
Atualizado em 28 abr 2021, 16h52 - Publicado em 28 abr 2021, 16h37

Nesses últimos dias, duas situações – devidamente confessadas por seus respectivos protagonistas – nos mostram como a atividade política tem se consolidado como sinônimo de fazer as coisas erradas.

A primeira envolve o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, que, muito certamente para não causar desgosto ao seu chefe – sabidamente contrário à Ciência, ao uso de máscaras, ao distanciamento social e, inclusive, à imunização – teria se vacinado “escondido”.

O general fez o certo – tratou de se proteger do vírus da melhor maneira possível – mas não teve a coragem de fazê-lo publicamente, por razões “políticas”. A situação beira as raias do ridículo, mormente se consideramos tratar-se de um general de quatro estrelas.

A segunda, mais séria, foi capitaneada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que justifica, em uma gravação de áudio amplamente divulgada pelas redes sociais, ter intercedido em favor de madeireiros criminosos alvejados pela Polícia Federal por conta de pedidos feitos a ele por deputados federais e senadores da República. A atuação de Salles foi objeto de uma representação criminal do Delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, endereçada ao Supremo Tribunal Federal, que enquadrou o ministro no crime de Advocacia Administrativa, entre outros delitos.

Salles fez o errado, ou melhor, o erradíssimo, e ainda teve a coragem – ou seria a total falta de noção – de se justificar com essa conversa de demandas feitas por parlamentares, como se isso o eximisse de alguma responsabilização.

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Como Ricardo Salles pode ignorar que hoje em dia não há nada mais arriscado e comprometedor do que atender pedidos de políticos?

O que vemos com essas duas passagens, com mediana clareza, é como o ingrediente político, em nosso país, tem a capacidade de corromper o que é certo e naturalizar o que é errado.

O então ministro Sergio Moro não sabia, mas quando, durante sua gestão, mandou afixar, pelas paredes, elevadores e até pelas bandejas do refeitório do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a frase “FAÇA A COISA CERTA, SEMPRE”, estava pedindo algo absolutamente impossível para Brasília.

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Ali, fazer o certo é inconfessável, enquanto o errado é justificável por conta de outros erros ainda mais graves.

Enfim, seria mais fácil fazer um burro voar!

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