Na Páscoa, cubra-se de louros
De símbolo místico a tempero, nenhuma planta atravessou eras e fronteiras mantendo seu prestígio tão em alta quanto o louro, esse Highlander da botânica

No painel das plantas úteis ao homem, o louro é um Highlander. Das coroas ostentadas por deuses, guerreiros e poderosos em Roma ou na Grécia Antiga ao tempero do feijão de cada dia apreciado por nós, brasileiros, a espécie atravessou eras e fronteiras sem perder seu prestígio. Houve, é verdade, certa adaptação naquilo que a humanidade buscava no Laurus Nobilis, árvore de até 10 metros que cresce no litoral do Mediterrâneo, ao longo do tempo.

Nas civilizações da Antiguidade, o louro era venerado por seu valor místico e simbólico: cobrir-se de louros (ou de glórias) era o modo solene como os romanos reconheciam os feitos e poderes de seus cidadãos valorosos. A planta era usada para a limpeza espiritual de ambientes (leia-se: eliminar mau-agouro) e como ingrediente da medicina popular. Hoje, a ciência sabe que parte das crenças em relação ao uso terapêutico do louro tem sua razão: ele contém substâncias essenciais relaxantes e capazes de ampliar o bem-estar.

Mas falemos francamente: hoje em dia, a gente quer saber do louro mesmo é na comida. Não só como tempero daquele feijãozinho frugal do dia-a-dia. Se há um tempero que ganha súbita importância e notoriedade na Páscoa, é ele mesmo. Ensina a gastronomia portuguesa que louro e bacalhau praticamente nasceram para figurarem juntos. Não há ingrediente capaz de concorrer com ele na hora de fazer uma bacalhoada digna desse nome (os portugueses já incorporam o louro na primeiríssima fase do processo: o cozimento do bacalhau é feito em água misturada com leite ou natas mais algumas folhas da planta).
No vídeo abaixo, mostro os cuidados para manter seu loureiro sempre saudável. E dou uma dica de como estocar folhas da planta para ter essa maravilha à disposição na sua cozinha o ano inteiro: