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O jardineiro casual

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Ideias práticas e reflexões culturais sobre jardinagem, paisagismo e botânica

Amélia é que era mulher, ops, uma flor de verdade

Calma, feministas: a Amélia em questão não é a mulher submissa daquele velho samba, mas a planta empoderadíssima que é um coringa em qualquer jardim

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 abr 2017, 16h32 - Publicado em 20 abr 2017, 16h23

Ela não faz exigências: topa qualquer situação e até passa fome sem reclamar. E não tem a menor vaidade: pode ser titular ou coadjuvante, rebaixar-se ou ser criada soltinha. Ai, que maravilha é essa Amélia!

Se alguma feminista de plantão ficou corada ao ler o começo deste post, pode relaxar. A Amélia de que estou falando não é a mulher submissa de Ai que Saudades da Amélia, o velho samba de Ataulfo Alves e Mario Lago tão apedrejado nesses tempos de empoderamento feminino. Amélia é o nome popular da Hamelia patens, uma planta aparentada do cafezeiro. No caso dela, é justíssimo proclamar em toda potência: sim, Amélia é que era uma flor de verdade.

Foco de frutos da Hamelia patens
Frutos da Hamelia patens (Creative Commons/Reprodução)

Deve-se ler este post como uma declaração de amor muito pessoal. Pois a Amélia é um elemento de ouro em qualquer jardim de jardineiro escaldado. Basicamente, por ser uma planta do tipo “pacote completo”. Tem pequeno porte, folhagem de beleza sutil e dá vistosos cachos de flores com delicado formato de tuba e cores que vão do vermelho ao laranja berrante. Depois, essas flores dão lugar a cachos de frutinhas pretas e avermelhadas que lembram as do café.

Além do conjunto incrível, a Amélia é uma mãezona generosa. Talvez nenhuma flor atraia tanta variedade de borboletas. Os pássaros também se esbaldam. As flores são procuradas obsessivamente pelos beija-flores. E os frutos – que dizem dar um barato qualquer nos bichos – têm uma democrática plateia de admiradores de penas, das saíras aos sabiás.

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Como elogio pouco é bobagem, a Amélia é um tremendo investimento ecológico. Nativa da nossa Mata Atlântica, ela se espalha com facilidade graças à ajuda das aves que devoram seus frutos. Prova de seu “star quality”, por assim dizer, é a fama internacional que conquistou: da Flórida à Austrália, a Amélia ganhou jardins e projetos paisagísticos mundo afora.

Hamelia patens
Maciço de amélias mantidas podadas (;/Reprodução)

Além de tudo isso, essa Amélia ainda exibe aquela mesmerizante ausência de vaidade. Ela vai bem no sol ou na sombra. Pode ser conduzida soltinha, como um arbusto de até 3 metros de altura e bem ramificado. Ou então ser mantida podada, como um maciço florido ou até uma cerca-viva. No começo, Amélia agradece se lhe derem um golinho de água de vez em quando. Mas, depois de crescida, ela não faz exigência: suporta bem até os períodos de seca.

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Ai, que saudades da Amélia!

 

 

 

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