Butô e a dança do encontro entre vivos e mortos
Ousada apresentação do artista Mirai Moriyama na abertura da Olimpíada de Tóquio foi mais uma homenagem àqueles que já partiram
![Mirai Moriyama se apresenta na abertura dos Jogo de Tóquio](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/GettyImages-1234130666.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Carregada de significados, especialmente em tempos pandêmicos, a apresentação do artista Mirai Moriyama foi um momento marcante da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Indo do sombrio ao belo, o ator e bailarino evocou uma leitura do butô, arte performática japonesa que faz referência à vida, à morte e ao renascimento.
Num período de intensas transformações, ao custo de mudanças sociais profundas, o butô surgiu no pós-guerra como um movimento de contracultura. Em meio a um cenário envolvendo a ocupação norte-americana, o processo de reconstrução e de ocidentalização do país, Tatsumi Hijikata criou uma dança que evocava a imagem de um corpo debilitado. Segundo Ana Medeiros, bailarina, professora e coreógrafa, Hijikata revelava um corpo morto tentando se reerguer das cinzas, buscando encontrar a sua identidade.
Já Kazuo Ohno, outro grande expoente do butô, que teve forte atuação no Brasil, dizia que a vida e a morte andam costas com costas, assim como a mente e o coração, que não podem ser separados um do outro. Ohno, que havia lutado em guerras por nove anos durante o período de expansionismo militar japonês, entre as décadas de 30 e 40, tinha na memória os horrores que testemunhara. Quando retornou ao país, se comprometeu a dançar a vida de todos aqueles que haviam passado por ele.
Ainda de acordo com Ana, que chegou a realizar cinco residências artísticas com o mestre Yoshito Ohno, filho de Kazuo: “o corpo presencia a vida, mas ele carrega a memória do passado. Carrega a vida de todos aqueles que passaram por nós. É um corpo que vai testemunhando o tempo, tragédias e belezas da natureza. Tudo isso carregamos nos músculos, nos ossos, nas caminhadas”.
Com a decisão ousada de incluir uma performance que remete a uma arte marginal em suas origens, a edição japonesa dos Jogos se propôs a fazer da chamada “dança das trevas” uma homenagem, criando um momento de encontro entre os vivos e aqueles que já partiram.
![Cerimônia de abertura das Olimpíadas no estádio olímpico de Tóquio - Cerimônia de abertura das Olimpíadas no estádio olímpico de Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/CABT_JR_23.07.21_00037959.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
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![Delegações de atletas durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020, no Estádio Olímpico, em Tóquio - Delegações de atletas durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020, no Estádio Olímpico, em Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/000_9FQ8PR.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio - Cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/000_9FQ8DF.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio - Cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/44ed12b30bb020cc713b29419cd62e34603ea5e4.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
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![Drones formam um globo sobre o Estádio Olímpico durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, em Tóquio - Drones formam um globo sobre o Estádio Olímpico durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, em Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/1631a967c4d5638ba2a56126d02ddae1331dd931.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Vista da Pira Olímpica acesa durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 - Vista da Pira Olímpica acesa durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/3c6cfb47add5efb53f66fda03aa2d7226eab2894.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Atletas e voluntários olham drone no céu durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio - Atletas e voluntários olham drone no céu durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/000_9FQ8U2.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Queima de fogos ao fim da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020, no Estádio Olímpico - Queima de fogos ao fim da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020, no Estádio Olímpico -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/5840709918a95303d09c27515f94c61ebd95b5d8.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![A tenista japonsea Naomi Osaka acende a pira Olímpica na cerimônia de abertura das Olímpiadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio - A tenista japonsea Naomi Osaka acende a pira Olímpica na cerimônia de abertura das Olímpiadas 2020, no Estádio Olímpico de Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/c8071fc07881806af6a8bdc891a64e6e7df4bb4c.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Bruno Mossa Rezende (e) e Ketleyn Quadros lideram a delegação brasileira durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020, no Estádio Olímpico, Tóquio - Bruno Mossa Rezende (e) e Ketleyn Quadros lideram a delegação brasileira durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020, no Estádio Olímpico, Tóquio -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/07/000_9FQ73X-1.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
Piti Koshimura mora em Tóquio, é autora do blog e podcast Peach no Japão e curadora da Momonoki, plataforma de cursos sobre o universo japonês. Amante de arquitetura e exploradora de becos escondidos, encontra suas inspirações nos elementos mundanos. (@peachnojapao | @momonoki_jp)