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“Toy Story 4”: ser brinquedo não é bolinho

Nove anos depois do que parecia ser seu encerramento, a série volta com um personagem fabuloso – Garfinho, o brinquedo que não quer sê-lo

Por Isabela Boscov Atualizado em 21 jun 2019, 16h13 - Publicado em 21 jun 2019, 16h09

A crer em Toy Story, ser brinquedo é um exercício constante de dedicação e também de renúncia; é alegrar-se nos momentos em que se é o preferido, e enfrentar com paciência os dias em que se é esquecido no fundo do armário – ou, pior, aquela hora em que se é metido numa caixa de doação e passado adiante para outra criança, ou mesmo jogado fora. Nada disso é um problema para Garfinho, o personagem sensacional que justifica a existência de um quarto capítulo para a série, nove anos depois do que parecia ser o seu fecho definitivo. Garfinho é, muito simplesmente, isso mesmo: um talher de plástico que acreditava que sua vida seria como a de todos os outros utensílios descartáveis – uma refeição, e então o doce repouso eterno no lixo. Como uma divindade caprichosa, porém, a menina Bonnie quis diferente. Assustada com a escola e as outras crianças no primeiro dia de jardim-de-infância, Bonnie pegou um pedaço daquele arame peludinho (que não sei como se chama nem para que serve), uns olhinhos, um pouco de cola e, pronto: deu vida ao talher e consolou-se transformando-o em brinquedo. Ou, mais do que isso, em seu amigo inseparável. Faltou combinar com Garfinho, que não quer saber de jeito nenhum desse novo destino. Tudo que ele quer é se jogar numa lata de lixo; um segundo de distração e lá vai ele em mais uma tentativa de, digamos, suicídio. Cabe a Woody, portanto, com a ajuda da sua fiel trupe de amigos, fazer o que os bons brinquedos fazem – zelar pelo bem-estar da criança acima de todas as coisas e evitar que Garfinho se mate, deixando Bonnie desamparada.

Toy Story 4
(Disney/Divulgação)

Mais simples dizer do que fazer: essa tarefa razoavelmente objetiva é o início de mais uma saga na vida de Woody, Buzz Lightyear e cia. em Toy Story 4, levando os personagens a um reencontro com uma velha amiga – a pastorinha Bo Peep, que transformou o infortúnio de ser jogada fora numa vida nova e excitante –, e também a cair na teia de Gabby Gabby (traduzindo, “Gabby Tagarela”), uma boneca de rosto angelical e alma amarga. Gabby mora em um antiquário com seus guarda-costas, um quarteto de horripilantes bonecos de ventríloquo; é um brinquedo vintage como Woody. Mas, por causa de um defeito de fábrica, sua caixa de voz nunca funcionou. Gabby, então, nunca tagarelou e nunca conseguiu atrair uma criança que a quisesse; seus dias são passados em planos astuciosos para enredar outros brinquedos que sem querer caiam no antiquário. Ou seja…

Toy Story 4
(Disney/Divulgação)

A esta altura, 22 anos depois do primeiro Toy Story e da revolução que ele deflagrou na animação, seria virtualmente impossível concentrar aqui toda a força e todo o apelo emocional que a série já teve. Mas Toy Story 4 faz um esforço valente, e chega a um resultado admiravelmente bem-sucedido. Tecnicamente é, como sempre, virtuosístico, e os personagens são um primor de desenvolvimento. E, como nos três capítulos anteriores, Toy Story 4 põe em relevo questões que falam de perto tanto a crianças como a adultos, mas que cada um há de perceber de formas bem diferentes conforme o ponto do trajeto em que esteja. Para quem já é crescido há, além de todo o encanto, uma reflexão lúcida sobre o grau em que cada um de nós depende do que faz e do que realiza para se afirmar como indivíduo, e sobre o temor que vem com a ideia de encontrar um propósito interno, e não externo, para a vida. Encasquetei que, em certo sentido, Toy Story 4 talvez seja uma homenagem da equipe da Pixar a seu ex-mentor, ex-propulsor e ex-criador-chefe, John Lasseter, que não está nos créditos deste filme. Lasseter se desligou no final de 2017 da companhia que fundara lá nos idos dos anos 90 por causa das denúncias de que abraçava demais, e nem sempre por pura amizade. Seja o que for que tenha se passado, Lasseter mudou a história da animação e arrebatou milhões de espectadores com Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Ratatouille, Wall-E, Up, Valente e Divertida Mente, além dos três primeiros Toy Story. Agora, como Woody, deve estar diante desse desconhecido assustador que é não mais ter uma finalidade clara a cumprir.


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