Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Na loucura por uma maratona? Vá de “The Looming Tower”

Com elenco sensacional e tensão permanente, série disponível na Amazon mostra como a turra entre a CIA e o FBI resultou no 11 de Setembro

Por Isabela Boscov Atualizado em 15 Maio 2018, 18h54 - Publicado em 15 Maio 2018, 18h50

Foi uma guerra territorial: o FBI estava ampliando sua alçada para além dos assuntos estritamente domésticos, e a CIA achou que ele estava pisando no seu pé. Assim, embora por lei as duas agências fossem obrigadas a compartilhar todas as informações relevantes para o trabalho de uma e de outra, a CIA entrou em operação-tartaruga: recebia despachos que às vezes eram cruciais para o FBI – e sentava em cima deles. A Estação Alec, em especial, sistematicamente se fazia de morta. E a Estação Alec era a divisão da CIA responsável por acompanhar as atividades da Al-Qaeda. De acordo com o excelente livro-reportagem O Vulto das Torres: A Al-Qaeda e o Caminho até o 11/9, pelo qual o jornalista Lawrence Wright ganhou o Prêmio Pulitzer, esse cabo-de-guerra entre as duas agências foi decisivo para que Osama Bin Laden conseguisse enfiar dois jatos no World Trade Center, em Nova York, e mais outro no Pentágono, em Washington. Como algo assim pôde acontecer? Produzida pelo Hulu e disponível na Amazon, The Looming Tower (em tradução livre, “A Torre que se Avulta”), a série baseada no livro de Wright, responde a essa pergunta em ritmo de thriller, com tensão constante, em dez episódios primorosamente roteirizados e protagonizados por uma elenco de primeira. Quanto mais The Looming Tower avança na sua investigação, mais sombria ela se torna: naquela pequena distância que separa a crença do fanatismo, tem-se o ingrediente infalível para que o pior aconteça, sempre.

The Looming Tower
(Hulu/Divulgação)

O que não falta, em The Looming Tower, é ação e drama. De dentro dos gabinetes para países muçulmanos fechados, de Londres para escombros de bombardeios na África, a série segue as pegadas da Al-Qaeda junto com o responsável do FBI, John O’Neill (Jeff Daniels, destaque do elenco todo ele fortíssimo), seu jovem agente Ali Soufan (Tahar Rahim), libanês de nascimento, e o exausto agente veterano Robert Chesney (Bill Camp). Com desespero e apreensão crescentes, eles pressentem que estão travando uma batalha fundamental, mas a estão perdendo até no seu próprio lado do campo: apesar de todo o movimento dos episódios, no centro deles está uma reflexão sóbria e bastante amarga sobre o papel que o fanatismo – que se poderia definir aqui como a obstinação de ver não a realidade, mas uma imagem distorcida dela – desempenhou na tragédia de 11 de Setembro de 2001, e depois nas guerras no Iraque e no Afeganistão.

The Looming Tower
(Hulu/Divulgação)

O fanatismo, no caso, não é nem o de Bin Laden, da Al-Qaeda e de seus membros coléricos. Mais nocivo ainda foi o fanatismo do chefe da Estação Alec, Martin Schmidt (Peter Saarsgard), e de sua sucessora no cargo, Diane Marsh (Wrenn Schmidt). Assim como Bin Laden encontrou no extremismo islâmico uma resposta para sabe-se lá que lacuna na sua alma, Schmidt e Marsh encontraram no segredo, na paranoia e na manipulação uma razão de ser. A Al-Qaeda bombardeou as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, e depois uma embarcação militar americana ancorada ao largo do Iêmen, deixando centenas de mortos; e ainda assim a dupla continuou a enterrar todas as pistas que deveria fornecer ao FBI. Diane Marsh foi notificada de que dois sauditas ligados à organização terrorista de Osama Bin Laden haviam entrado nos Estados Unidos – e decidiu não dividir a informação com o FBI. John O’Neill tinha certeza absoluta de que esse era o prelúdio de Bin Laden para um ataque em território americano. Mas, por mais que insistisse e reclamasse com o gabinete presidencial, a Estação Alec continuava negando ter alguma informação relevante por compartilhar. O’Neill e Ali Soufan são a alma de The Looming Tower. Juntamente com o chefe do contra-terrorismo Richard Clarke (Michael Stuhlbarg), representam o lado positivo da fé – a crença na objetividade e na investigação como um bem comum, maior do que eles e superior a eles. Schmidt e Marsh representam o seu oposto – uma fé que, de tão cega, não mais consegue enxergar o objeto do qual nasceu. Em vez de desvendar segredos, ter a posse deles é que passou a ser seu propósito. “E se?”, pergunta The Looming Tower. Embora, de antemão, saiba que nunca será possível conhecer o mundo hipotético em que a CIA e o FBI teriam colaborado e evitado esse novo mundo real que sua rivalidade deu à luz.

Obs.: John O’Neill, Ali Soufan, Richard Clarke e muitos outros são figuras verídicas. Alguns personagens, porém, como o de Martin Schmidt, Diane Marsh e Robert Chesney, são compilações de pessoas reais.

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.