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Isabela Boscov

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T2 Trainspotting

Renton, Sick Boy e Spud continuam a fazer tudo errado – e o diretor Danny Boyle, a acertar

Por Isabela Boscov 24 mar 2017, 16h16 • Atualizado em 24 mar 2017, 16h17
  • Revi o Trainspotting original algumas semanas atrás para refrescar a memória e, por um lado, fiquei um tantinho desapontada: achei que, com o tempo, ele perdeu gás. Aquelas cenas que, em 1996, pareciam super loucas e deixaram todo mundo de queixo caído (o mergulho naquela latrina fétida! o bebê engatinhando no teto!) já não têm o mesmo efeito. Mas, por outro lado, há que se reconhecer que o diretor Danny Boyle – que vinha de um sucesso restrito mas relevante com Cova Rasa, e estourou de vez com Trainspotting – pegou mesmo o pulso daquela geração do Reino Unido que cresceu entre a estagnação econômica que avançou pela década de 80 e a retomada necessária mas truculenta da era Thatcher, e chegou à juventude desabrochando para uma paisagem que parecia cheia de nada – ou para o niilismo da heroína. O melhor de tudo: se Boyle fosse, digamos, alemão, talvez o filme fosse uma história de angústia e desespero. Mas, como Boyle é inglês e o senso do absurdo é, para os ingleses, um modo de vida, Trainspotting transborda uma variedade esfuziante de “humor dos condenados”. Ou seja, esse é o raro caso em que uma continuação, 21 anos depois, faria todo sentido; onde teriam ido parar aqueles sujeitos, o que eles estariam fazendo, e como teriam se recobrado (ou não) daqueles anos perdidos? Faria sentido, e faz: T2 Trainspotting não é perfeitamente redondo, mas é bom, divertido, perspicaz e movimentado o suficiente para compensar plenamente mais duas horas na companhia de Rent Boy, Spud, Sick Boy e, vá lá, na companhia de Begbie também.

    T2 Trainspotting
    (Divulgação)

    Rent (Ewan McGregor, que foi a grande revelação do filme original) agora vai pelo seu nome completo, Renton. No final do filme de 1996, ele dava um chapéu nos amigos, e fugia com os milhares de libras que eles haviam ganhado vendendo um pacote de heroína que havia caído no colo deles. Agora fica-se sabendo que Renton se mudou para Amsterdã, ficou sóbrio, casou e até virou um cara saúde. Mas, quando um punhado de coisas dá errado na vida dele, ele volta para Edimburgo. Naturalmente, procura Spud (Ewan Bremner, maravilhoso), que bem que tentou se livrar da heroína e ser um bom pai e marido, mas caiu de novo na sarjeta: em uma cena deliciosa, Spud explica como foi derrotado pelo horário de verão, e como a heroína é mesmo a única coisa que lhe resta.

    T2 Trainspotting
    (Divulgação)

    Renton procura, também, Sick Boy, ou Simon (Jonny Lee Miller), outro que mal e mal saiu do lugar. Simon não usa mais heroína, mas cheira cocaína sem parar. E, para financiar tanto pó, pratica extorsão: grava sua namorada, a prostituta búlgara Veronika (a ótima Anjela Nedyalkova), atendendo às taras dos clientes, e daí pega o vídeo e vai chantagear os sujeitos. Pena que ele não entende nada do assunto. Begbie (Robert Carlyle), que nunca foi viciado em heroína – ainda bem, porque sem aditivos  já era um psicopata –, está preso pelo golpe de 1996. Mas dá um jeito de fugir, e a única coisa em que pensa é em trucidar Renton por tê-lo deixado na mão. (Begbie é, também, um personagem cansativo. Com menos dele, o filme ficaria bem melhor.)

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    T2 Trainspotting
    (Divulgação)

    Todos os quatro, portanto, fracassaram de alguma maneira, e estão de volta ao seu ponto de partida, naquela órbita inescapável dos viciados. E, de novo, a paisagem que eles têm pela frente é estéril e cinzenta: o mundo ficou mais eficiente e mais neurótico, e eles não o acompanharam em nenhuma das duas coisas; não têm nenhuma habilidade digna de nota; não parecem ter muito futuro, e têm uma desconfiança danada do tipo de futuro ou de realização que as pessoas ambicionam hoje. O que sobrou a eles é o que fizera tudo começar – a camaradagem à prova de tudo e qualquer coisa. E garanto que não é preciso ter experimentado vícios nem fracassos para olhar as coisas pelos olhos de Renton e vê-las também desbotadas e fúteis. Resumo da ópera, adorei T2 Trainspotting. Muito mais do que imaginava. E acho que, em dez ou vinte anos, vou ter o mesmo prazer e curiosidade em reencontrar Renton, Simon, Spud e também Veronika. Deles todos, só Begbie não me deixa saudade.


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    Trailer

    T2 TRAINSPOTTING
    Inglaterra, 2017
    Direção: Danny Boyle
    Com Ewan McGregor, Jonny Lee Miller, Ewan Bremner, Robert Carlyle, Anjela Nedyalkova, Shirley Henderson, Scot Greenan, James Cosmo
    Distribuição: Sony Pictures

     

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