E o Oscar vai para…
A história do prêmio é cheia de surpresas de última hora, mas sempre dá para tentar “cantar” o resultado nas categorias mais vistosas
Melhor Filme: 1917
Com quatro Bafta – o Oscar do cinema inglês – fresquinhos em mãos, o ultracinético drama da I Guerra Mundial do diretor Sam Mendes entra na festa deste domingo em franca vantagem.
Merece? A resposta a essa pergunta sempre depende em parte do gosto pessoal de quem a responde, mas 1917 tem méritos indiscutíveis: é cinema puro e é também um drama humano de apelo imediato às emoções da plateia. Mas este é um ano em que pelo menos outros quatro candidatos também poderiam levar o prêmio principal com muita honra: Era Uma Vez em… Hollywood, Coringa, Jojo Rabbit e o estupendo sul-coreano Parasita.
Melhor diretor: Sam Mendes
Às vezes a Academia faz política, dando o prêmio principal para um filme e consolando o segundo favorito com o prêmio de direção. Mas 1917 é antes de mais nada e acima de tudo um filme de diretor, e seria muito, muito estranho rachar o páreo.
Merece? Não há dúvida – assim como não há dúvida (para mim) que também Quentin Tarantino e Joon-ho Bong mereceriam fartamente a estatueta.
Melhor ator: Joaquin Phoenix, por Coringa
Daqueles casos em que, se o resultado for outro, o Oscar perde de uma vez por todas e para sempre qualquer credibilidade que ainda lhe reste.
Merece? E como merece. Adam Driver, Leonardo DiCaprio, Antonio Banderas e Jonathan Pryce fizeram um lindo trabalho em seus respectivos filmes, mas Joaquin fez algo do outro mundo – uma atuação tão inexplicável que é impossível descrevê-la.
Melhor atriz: Renée Zellweger, por Judy
Hollywood adora uma biografia trágica e adora igualmente casos de “sacode a poeira e dá a volta por cima”. Recuperando-se de estranhas decisões estéticas, depressão e quase-naufrágio profissional, Renée faz exatamente isso ao encarnar a estrela Judy Garland nos seus últimos meses de vida: renasce para os créditos principais na base da garra.
Merece? É um belo trabalho, e de grande valor simbólico. Mas, feitas todas as contas, o de Charlize Theron em Escândalo ainda é superior.
Melhor ator coadjuvante: Joe Pesci (talvez), por O Irlandês
Esta tende a ser uma categoria embolada, pela grande quantidade de atuações entre as quais escolher. Neste ano, a meu ver, ele contém entretanto dois “caronas”, Tom Hanks e Al Pacino – que ainda assim têm chances reais, da mesma forma que Brad Pitt, pela qualidade do desempenho e porque este foi um ano de libertação e retomada para ele. Mas Joe Pesci, tirado à custa de muita insistência da aposentadoria para O Irlandês, fez um trabalho superlativo, que talvez seja o melhor de sua carreira.
Merece? Sem sombra de dúvida. Pessoalmente, acho que qualquer outro resultado seria equivocado.
Melhor atriz coadjuvante: Laura Dern, por História de um Casamento
Laura é a melhor coisa do filme lançado pela Netflix e estraçalha no papel da advogada muito sociável, mas implacável, que Scarlett Johansson contrata para cuidar de seu divórcio. Some-se a isso sua atuação estelar na segunda temporada de Big Little Lies, seu ótimo trabalho em Adoráveis Mulheres e o fato de que ela é uma pessoa muito querida no meio televisivo e cinematográfico, e dá-lhe estatueta – a primeira de uma longa carreira.
Merece? Sem tirar nem pôr. Mas é preciso destacar os desempenhos encantadores, desenhados a bico de pena, de Florence Pugh em Adoráveis Mulheres e de Scarlett Johansson em Jojo Rabbit