Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Lançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlinda

Há seis meses à espera da estreia, filme afinal chega aos cinemas — e, nos Estados Unidos, também ao streaming, deflagrando uma nova política e pânico

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 13h44 - Publicado em 18 dez 2020, 06h00

Em Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984, Estados Unidos/Inglaterra/Espanha, 2020), já em cartaz no país, Diana Prince (Gal Gadot) se vê às voltas com uma relíquia de poder cataclísmico: um cristal de rocha aparentemente sem valor, mas que tem o dom de conceder desejos. A própria Diana cede à sedução da relíquia ao imaginar de volta à sua vida alguém cuja falta lhe dói há quase setenta anos. Já as aspirações do empresário/vigarista falido Max Lord (Pedro Pascal) e da solitária e ignorada Barbara Minerva (Kristen Wiig) são bem mais grandiosas. Por causa deles, mais e mais pessoas formulam seus pedidos em todo o mundo, e mais os efeitos deles se multiplicam e conflituam entre si, criando uma voragem de destruição. O antídoto para essa epidemia seria simples, não fosse a natureza humana o que é; bastaria renunciar ao que se obteve para, a cada desejo desfeito, restituir algo mais do mundo à normalidade.

+ Compre o livro Mulher-Maravilha: Antologia: Capa Dura

Se o ano de 1984 reimaginado pela diretora Patty Jenkins e os roteiristas acena assim com uma esperança, o ano de 2020 termina sem que seus danos à indústria de cinema deem sinal de reversão. Ao contrário, ele lega um saldo perturbador para 2021: produzido ao custo de 200 milhões de dólares e muitas vezes adiado, Mulher-­Maravilha 1984 vai chegar em 25 de dezembro aos cinemas americanos — mas não só a eles. Nos Estados Unidos, vai estrear simultaneamente na plataforma de streaming da Warner, a HBO Max. E assim será também com todos os títulos que o estúdio tem programados para o ano que vem, incluindo outras superproduções como Duna e Matrix 4. Não se sabe ainda que política a Warner seguirá no mercado internacional no segundo semestre, quando a HBO Max deverá estar disponível também na Europa e na América Latina. Na verdade, não se sabe de nada: de cadeias de exibição a diretores e astros, a comunidade cinematográfica repudiou a novidade com uma dureza que sinaliza não só consternação, como também pânico de que essa saída se generalize.

+ Compre o Blu-ray de Mulher Maravilha

É de se imaginar quanto das sequências mais ambiciosas (e às vezes kitsch) de Mulher-Maravilha 1984 — como o torneio na Ilha de Themyscira que abre o filme, ou o grande enfrentamento entre Diana e os vilões — a tela de um tablet será capaz de abarcar, ou mesmo em que medida Patty Jenkins e Gal Gadot conseguirão comunicar, nessas condições, a afeição que têm pela personagem: ainda que essa continuação tenha uma coesão e um empuxo narrativo inferiores ao do filme original, de 2017, ela é prazerosa o suficiente para clamar pela tela grande. Jenkins e Gadot foram diplomáticas; pediram que os espectadores preferissem as salas de cinema onde isso fosse seguro, mas disseram-se satisfeitas por haver uma alternativa nos outros casos.

Continua após a publicidade
CATÁSTROFE - Kristen Wiig, como Barbara Minerva, e Pedro Pascal, como Max Lord: o perigo dos desejos atendidos -
CATÁSTROFE - Kristen Wiig, como Barbara Minerva, e Pedro Pascal, como Max Lord: o perigo dos desejos atendidos – (Warner Bros. Pictures/.)

Nos bastidores, porém, a briga pega fogo. A guinada da Warner foi tão repentina que nenhuma das equipes dos filmes foi consultada de antemão. As cadeias de cinemas, já próximas da insolvência, manifestaram desespero. Entre as repercussões, há a questão sensível da remuneração, que em muitos casos deverá parar nos tribunais: em geral, diretores e astros recebem uma quantia pequena (maneira de dizer) na forma de cachê, e o restante em pontos porcentuais sobre os ganhos do filme. Como calcular o que seria um equivalente justo, porém, com a erosão da bilheteria pelo coronavírus (neste momento, a Europa novamente está fechada, e só 35% das salas americanas estão em operação — com baixíssima frequência)?

+ Compre o livro Mulher-maravilha: Amazona, Heroína, Ícone

Entre todos os estúdios, a Warner foi o que mais se empenhou em preservar alguma normalidade, organizando uma estratégia complicada para lançar em datas diferentes em cada território o Tenet, de Christopher Nolan — que agora tem sido seu crítico mais vocal e agressivo. Mas o estúdio diz que todos os epidemiologistas que consultou concordam que, mesmo com a vacinação, 2021 promete muito pouco em termos de normalidade. Diante dos resultados satisfatórios colhidos pela Universal, que estreitou para dezessete dias o intervalo entre o lançamento em cinema e a chegada ao streaming, e os números exuberantes da plataforma Disney+, que aplicou a Mulan a mesma estratégia agora adotada no atacado pela Warner, o conglomerado aposta na conversão de toda a sua agenda de 2021 — um investimento de 2 bilhões de dólares — em combustível para alavancar a até aqui claudicante HBO Max. O temor que isso desperta é que, no mundo real, onde não existem Diana Prince nem relíquias mágicas, o que foi feito não possa ser jamais desfeito.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 23 de dezembro de 2020, edição nº 2718

VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Lançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlindaLançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlinda
Mulher-Maravilha: Antologia: Capa Dura
Lançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlindaLançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlinda
Mulher Maravilha
Lançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlindaLançamento de ‘Mulher-Maravilha 1984’ expõe Hollywood na berlinda
Mulher-maravilha: Amazona, Heroína, Ícone
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.