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Isabela Boscov

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Hoje é um bom dia para ver (ou rever)… (500) Dias com Ela

Um dos mais lindos e inteligentes anti-romances já feitos

Por Isabela Boscov Atualizado em 12 jan 2017, 16h30 - Publicado em 7 dez 2016, 19h51

É a coisa mais besta do mundo, eu sei, mas acho que nunca vou conseguir olhar para Zooey Deschanel sem pensar no que ela fez com Joseph Gordon-Levitt neste filme ma-ra-vi-lho-so (sim, estou ciente de que a personagem dela é que partiu o coração da personagem dele, mas fazer o quê? E também nunca vou conseguir entrar numa loja da Ikea sem pensar em romance – isso é que é merchandising bem feito). Se você não entende a razão desse apego, só pode ser porque ainda não viu esta que é talvez a mais triste comédia romântica (e a melhor) do século XXI. Mas ficou fácil reparar essa falha: descobri que (500) Dias com Ela entrou na Netflix. Não sei o que você ia fazer hoje à noite, mas seu programa acabou de mudar.

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O mais curioso de (500) Dias é que ao final você provavelmente vai querer passar uma bronca em Zooey também (ou, na verdade, em Summer, a personagem dela). Mas, durante o filme, não há como não entender o encanto que Gordon-Levitt (ou Tom, o protagonista sonhador dele) sente quando põe os olhos nela. Todos os romances que você já viveu – ou que gostaria de ter vivido – vão se somar à experiência de ver o filme, e todos os seus enlevos e as suas dores-de-cotovelo vão desaguar nele. O cinema às vezes tem instantes perfeitos. Este, para mim, é um deles.

Leia a seguir a resenha que publiquei quando o filme foi lançado nos cinemas.


Ela é um sonho

Por que Zooey Deschanel, com seus extraordinários olhos azuis, virou a musa dos homens românticos – que, pelo jeito, não são tão poucos assim

Zooey Deschanel tem olhos imensos, com íris cristalinas de um azul violáceo. Todos os cineastas com que ela já trabalhou trataram de achar um jeito (muitos jeitos, se possível) de fotografar em close esses olhos extraordinários não só pela cor, mas pela capacidade de emitir franqueza: quando sombras e luzes cruzam sua superfície, não é só efeito dos cílios espessos e escuros, mas porque é neles, e só neles, que ela expõe os pensamentos e sentimentos que raras vezes deixa suas personagens articular abertamente. Aos 29 anos, mas com uma beleza delicada de menina, Zooey é o tipo de mulher que costuma ser descartada como “bonitinha” por homens afeitos a atributos mais dramáticos – mas é exatamente o tipo de mulher por quem homens românticos, que olham nos olhos e que reagem a apelos como senso de humor, ou uma voz grave e cheia, se apaixonam com perdição e para sempre. Homens, por exemplo, como Tom, o protagonista de 500 Dias com Ela.

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Segundo informa o narrador desse lindo e inteligente antirromance, Tom foi desde a adolescência excessivamente exposto à vertente tristonha do pop britânico e assistiu vezes demais a A Primeira Noite de um Homem – de onde formou a ideia de que existe uma pessoa predestinada para ele, e que ele não será feliz até encontrá-la. Quando Summer, a personagem de Zooey, começa a trabalhar no escritório para o qual ele redige cartões de felicitações, Tom é atingido pelo proverbial raio: essa é a mulher pela qual ele esperava. Desse instante até a resolução do relacionamento, 500 dias se passarão. O diretor Mark Webb, de quem nunca se presumiria ser um estreante, não os percorre pela ordem. Passa-se do dia 28 para o 488 e então para o dia 1, por exemplo, como se Tom estivesse folheando um caderno e detendo-se nas páginas que exemplificam as emoções que ele experimentou nos diferentes momentos dessa jornada – às vezes, inclusive, voltando a páginas pelas quais já passara e entendendo-as de forma diversa. Ou, mais precisamente, procurando entender por que, se Summer é certa para ele, ele não é certo para Summer.

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Não é apenas por causa da direção talentosa de Webb, ou da interpretação sentida de Joseph Gordon-Levitt (também ele um ator único), que 500 Dias se tornou, como Juno, ainda que em proporção mais modesta, objeto de adoração entre uma parcela do público jovem americano: o acerto primordial do filme é entender o que faria de uma garota uma musa para um sujeito como Tom, e então identificar em Zooey Deschanel essa garota. Não que fosse preciso um grande salto de imaginação, dado que Zooey já é uma musa plena em certos círculos.

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Ela é filha de um dos mais respeitados cinegrafistas americanos (Caleb Deschanel, de Os Eleitos) e tem nome tirado de um romance de J.D. Salinger. Como cantora, faz parte de um duo, o She & Him, cultuado entre ouvintes bem-pensantes; usa vestidos de saia rodada e casaquinhos comportados que em outras mulheres ficariam patéticos, mas nela são o epítome do cool; e acaba de se casar com Ben Gibbard, vocalista da banda Death Cab for Cutie, uma sensação indie. Ao contrário de outras musas do meio independente, porém, Zooey é cada vez mais requisitada também em produções comerciais (como Um Duende em Nova York, com Will Ferrell, e Sim, Senhor, com Jim Carrey) porque traz algo único: a capacidade de transferir para seus personagens sua sinceridade, o comportamento sem afetação, a personalidade radiosa e até o figurino singular. Zooey é, de certa forma, um ideal oposto ao de ícones como Megan Fox. É a feminilidade exaltada não na forma, mas na essência. Para homens sensíveis como Tom, que depois de uma noite com ela se imaginam dançando You Make My Dreams, de Hall & Oates, no meio do Central Park, trata-se, enfim, de um sonho de mulher. Ainda que um sonho inatingível.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista VEJA no dia 04/11/2009
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2009

Trailer

https://youtu.be/9i9nE-momQ0

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(500) DIAS COM ELA
(500 Days of Summer)
Estados Unidos, 2009
Direção: Mark Webb
Com Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Clark Gregg, Chloë Grace Moretz, Geoffrey Arend, Minka Kelly e a voz soberba de Richard McGonagle na narração
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