Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Hellboy

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 jan 2017, 15h57 - Publicado em 4 ago 2004, 16h31

O demônio do bem.

Não fosse ter nascido no inferno,o protagonista de Hellboy seria um sujeito como qualquer outro.

O diretor mexicano Guillermo del Toro foi criado por uma avó fanática religiosa, que colocava tampinhas de garrafa (lado serrilhado para cima) dentro de seus sapatos para mortificá-lo e o submetia a exorcismos regulares. Foi uma infância horrível e confusa, diz Del Toro. Se há algo de positivo a contabilizar nela, é a sensibilidade do cineasta para o terror – por exemplo, em A Espinha do Diabo, passado durante a Guerra Civil espanhola – e a sua compreensão do personagem-título de Hellboy. Adaptado do quadrinho homônimo do americano Mike Mignola, o filme trata de um demônio invocado pelos nazistas, durante a II Guerra, para servir como ferramenta definitiva de destruição. Capturado pelos americanos, porém, Hellboy vira a peça central de uma agência secreta: é uma criatura nascida para o mal que renega sua natureza e se dedica a combater as forças que o geraram. E é também um exemplo da criação sobrepujando o determinismo, por assim dizer, genético. O que sustenta Hellboy nessa mudança de lado é a sua comunhão com outros espécimes tão deslocados quanto ele – a afeição filial pelo cientista que o adotou e a paixão recôndita por Liz (Selma Blair), uma garota infeliz que, sempre que suas emoções assomam, se torna uma espécie de lança-chamas.

Apesar do conflito interno e da sua aparência (mão direita de granito, pele vermelho-fogo, cauda com ponta em flecha e chifres), Hellboy poderia ser qualquer sujeito que tivesse acabado de sair da casa dos pais e estivesse se esbaldando com a ausência de controle. Mesmo quando está diante das piores ameaças, ele é incapaz de levá-las, ou a si mesmo, a sério. Hellboy, além disso, tem graves recaídas na adolescência, especialmente quando Liz está por perto. Mais do que a trama – os responsáveis pelo surgimento do demônio querem recuperá-lo –, é essa empatia do diretor com o personagem e a caracterização surpreendentemente jovial de Ron Perlman, um ator veterano de 54 anos, que fazem o filme tão atraente.

Continua após a publicidade

Del Toro passou sete anos brigando para levar Hellboy às telas em seus próprios termos: sem desfigurar o herói e com Perlman, com quem já trabalhara em duas outras ocasiões, à frente do filme. Por causa disso, passou bem perto de ter o projeto tirado de suas mãos. Perlman, mais conhecido como o corcunda Salvatore de O Nome da Rosa, trabalha quase sempre sob maquiagem pesada e está longe de ser um galã. Não é, portanto, o tipo de ator que faça os produtores vir correndo. O entrosamento entre ele e o diretor mais do que compensou sua falta de cacife na bilheteria: Hellboy rendeu 60 milhões de dólares nos Estados Unidos, e a continuação está garantida. Mas, à parte Hellboy 2 e um outro filme modesto, The Woodcutter, Perlman não tem ainda nenhum outro contrato engatilhado. “Hollywood não sabe o que fazer comigo”, lamenta-se. Por sorte, Del Toro não sofre da mesma miopia.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista VEJA no dia 04/08/2004
Continua após a publicidade

Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2004


Continua após a publicidade
HELLBOY
Estados Unidos, 2004
Direção: Guillermo del Toro
Com Ron Perlman, Selma Blair, Doug Jones, John Hurt, Jeffrey Tabor, Rupert Evans, Karel Roden
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.