Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

‘Drive My Car’: filme japonês no Oscar tem 3 horas que valem cada minuto

Drama traz sob sua superfície límpida uma turbulência que transforma e fulmina

Por Isabela Boscov Atualizado em 18 mar 2022, 15h19 - Publicado em 18 mar 2022, 06h00

Nos filmes de Ryusuke Hamaguchi, e em particular em Drive My Car (Japão, 2021), os personagens perdem o que lhes é caro dos modos usuais — em razão de fatalidades, ou do correr do tempo, ou de decisões que se provam não serem acertadas. Aquilo que eles ganham, porém, não é dado mas sim conquistado, ao custo de exames íntimos arrasadores e de transformações internas sísmicas que, porém, mal chegam a ser perceptíveis na superfície. Também o espectador pode julgar que são mínimas as agitações provocadas nele por Drive My Car, em cartaz nos cinemas e a partir de 1º de abril disponível na plataforma MUBI. Mas é quase certeza que em algum instante das três horas de filme ele vai ser apanhado na turbulência do protagonista Kafuku (Hidetoshi Nishijima) e dos personagens à volta dele.

arte Oscar

Cinema Japonês. Filmes, Histórias, Diretores

Ator e diretor de teatro embrenhado numa montagem do Tio Vanya de Anton Chekhov, Kafuku tem com a roteirista Oto (Reika Kirishima) um casamento longo e íntimo, que mantém algo do seu mistério nas histórias que Oto tece, em transe, após o sexo. Um dia, Kafuku flagra Oto com um amante, o jovem ator Takatsuki (Masaki Okada), mas não se revela. Pouco depois, Oto morre. E, dois anos mais tarde, o ainda enlutado Kafuku vai a Hiroshima dirigir uma encenação de Tio Vanya com Takatsuki no papel-tí­tulo. Indo e vindo do teatro, ouvindo as marcações da peça em uma fita gravada por Oto, Kafuku e sua motorista, a taciturna Misaki (Toko Miura), mantêm distância. Aos poucos, porém, cria-se uma consciência da pessoa que está ali e do mundo que ela contém (e o de Misaki é uma devastação). Também nos ensaios, enunciando coisas que não ousaria dizer por intermédio do texto de Chekhov, e trabalhando com atores de idiomas diversos — mas uma mesma linguagem, a da prospecção interior —, Kafuku é forçado para fora de si mesmo.

História do Cinema Japonês

Continua após a publicidade

Três horas podem parecer demais para adaptar o breve conto de Haruki Murakami, mas cada segundo conta para que, junto com seus atores superlativos, Hamaguchi demonstre como uma pessoa só se elucida para si mesma por meio de outra. Em um filme em que a beleza vai se tornando inexorável, alguns momentos fulminam: Kafuku dando a mão a Misaki para subir uma escarpa ou a cena final de Tio Vanya, em que uma atriz que fala por linguagem de sinais (Yu-rim Park) oferece ao personagem o que há de mais raro — amor, e a verdade.

Publicado em VEJA de 23 de março de 2022, edição nº 2781

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Cinema Japonês. Filmes, Histórias, Diretores
Cinema Japonês. Filmes, Histórias, Diretores
História do Cinema Japonês
História do Cinema Japonês

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.