“Detectorists”: a série mais comovente que eu já vi
Com todas as três temporadas disponíveis agora na GloboPlay, esta produção inglesa pode ser o melhor jeito de começar 2020

Andy e Lance são melhores amigos, moram em uma cidadezinha rural do interior da Inglaterra chamada Danebury e levam vidas banais: têm empregos modestos (Andy muitas vezes nem emprego tem), moram em casas simples, às vezes tomam uma cerveja no pub – e compartilham uma paixão que domina todos os seus pensamentos e horas livres. Como explicam sempre escrupulosamente, são “detectoristas”. Armados de detectores de metais, Andy, Lance e a meia-dúzia de companheiros de clube varrem metro por metro os campos ao redor de Danebury à procura do que, para eles, seria o Santo Graal – algum tesouro ou artefato histórico significativo da antiguidade saxônica ou romana da região. Noventa e nove por cento do tempo, encontram apenas tampas de garrafas, botões, trilhos de cortina, ferramentas quebradas, moedas de centavos. Mas, conforme as regras do clube, catalogam tudo minuciosamente e prosseguem sempre na esperança daquele achado que daria sentido ao que fazem.

Escrita e dirigida por Mackenzie Crook, que faz Andy e foi o Gareth do The Office inglês e o Orell de Game of Thrones, esta produção pequena, que totaliza dezoito episódios em três temporadas, é ela própria uma jóia escondida no catálogo da GloboPlay: Detectorists reluz com a qualidade primorosa do roteiro, com a parceria esplêndida entre Crook e Toby Jones no papel de Lance, com os personagens maravilhosos e com a beleza genuína dos sentimentos. Não há episódio que não me tenha feito desmontar, ou não tenha me deixado com um nó na garganta. Em vários deles, fiquei de coração partido por alguma recompensa justa pela generosidade de Andy e Lance ter escapado a eles, ou chorei de alívio quando algo de bom afinal caiu no caminho deles. Se você quer começar 2020 com um pouco mais de fé na humanidade, recomendo vivamente. Cena a cena, Detectorists constrói um argumento poderoso em favor da gentileza e da paciência, ao mesmo tempo em que descortina a intensa vida interior dessas figuras que tão facilmente passariam despercebidas. É ouro puro.