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Isabela Boscov

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Desajustados

Por Isabela Boscov 28 mar 2016, 19h27 • Atualizado em 30 jul 2020, 23h09
  • Um homem muito grande que se sente muito pequeno

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    Fúsi, o protagonista deste filme islandês, tem 43 anos, mora com a mãe, transporta bagagens no aeroporto de Rejkavik, nunca teve uma namorada, tem um único amigo e passa o tempo livre pilotando carrinhos de controle remoto ou montando miniaturas de campanhas da II Guerra Mundial (no momento, está enfronhado numa das batalhas de El Alamein). É provável que a timidez extrema e o comportamento regressivo de Fúsi sejam pelo menos em parte resultado da sua aparência: ele é uma montanha de homem, tão largo quanto alto – e, por chamar tanto a atenção, faz de tudo para tentar passar despercebido. Como não pode encolher-se por fora, aprendeu a encolher-se por dentro, e virou uma pessoa tão assustada que, a despeito do seu tamanho intimidador, sofre bullying dos colegas de trabalho. Fúsi poderia ser um clichê cinematográfico – mas é tão delicado e preciso o filme do diretor Dagur Kari, e tão maravilhosa a interpretação do ator Gunnar Jonsson, que nem por um momento Desajustados corre esse risco.

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    A certa altura, Fúsi começa uma amizade – quase uma amizade de parquinho mesmo – com Hera, uma menina de uns 8 ou 9 anos que mora no seu prédio, e sente uma ponta de alento. Outra novidade em sua vida: o namorado da mãe de Fúsi, louco para tirá-lo de casa por algumas horas que seja, presenteia-o com a matrícula numa academia de dança country (!!!!), onde ele conhece a florista Sjöfn, com quem inicia uma lenta – lentíssima – aproximação. Nenhum desses dois relacionamentos, porém, toma exatamente o rumo que se poderia prever. Sjöfn, em particular, é mais complicada e menos solar do que o primeiro contato com ela sugere. Mas o que a progressão do relacionamento entre eles mostra é, primeiro, como Fúsi é um sujeito genuinamente agradável e interessante, apesar de seu mutismo; e, segundo, como ele é surpreendentemente apto a cultivar sentimentos, a amparar outra pessoa, a ceder espaço em sua vida.

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    Gunnar Jonsson é mais conhecido como comediante na Islândia, e eu não imagino como seja o trabalho dele nessa seara. Mas, como talento dramático, ele é de primeira grandeza (sem trocadilho): é de uma minúcia e uma expressividade tão medidas que duvido que, a olho nu, fosse possível perceber as coisas sensacionais que ele está fazendo em cena; só a câmera mesmo é capaz de registrar certos semitons. Assisti a uma entrevista em que o diretor Dagur Kari (do cult Noi Albinoi) diz que ele e Jonsson mal conversaram sobre o papel – nem antes, nem durante nem depois das filmagens –, porque estavam tão obviamente sintonizados na mesma frequência que qualquer discussão extra seria supérflua. A maneira como o filme evolui, sempre guiado pelo compasso de Fúsi e abrindo-se para o espectador junto com o personagem, atesta que não se trata de papo de cineasta: Kari e Jonsson nasceram um para o outro.

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    Trailer


    DESAJUSTADOS
    (Fúsi/Virgin Mountain)
    Islândia/Dinamarca, 2015
    Direção: Dagur Kari
    Com Gunnar Jonsson, Ilmur Kristjansdottir, Franziska Una Dagsdottir, Margret Helga Johannsdottir, Sigurjon Kjartansson
    Distribuição: Imovision

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