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Isabela Boscov

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Beijos e Tiros

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 jan 2017, 15h58 - Publicado em 30 nov 2005, 16h10

Um filme muito esperto

Criador da série Máquina Mortífera, o roteirista Shane Black se redime de todos os seus pecados com o delicioso Beijos e Tiros

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O americano Shane Black tem um currículo curioso. Como ator, foi a primeira vítima a ser eviscerada pelo monstro titular de O Predador. Como roteirista, reinventou o filme de parceiro com a série Máquina Mortífera, no fim da década de 80, e se tornou um dos escribas mais bem pagos do cinema americano. Agora, depois de seis anos pensando na vida, Black, de 43 anos, inaugurou mais uma de suas encarnações – a melhor delas. Como autor e diretor de Beijos e Tiros, ele recebe o espírito do escritor Raymond Chandler num delicioso misto de noir e comédia, reimpulsiona a carreira de Robert Downey Jr. e de Val Kilmer, revela uma comédienne linda e competente na quase desconhecida atriz Michelle Monaghan, satiriza Hollywood e ataca sem dó a criatura que ele mesmo gerou – o filme de parceiro ao estilo uma morte, uma piada. Tudo de um golpe só, o que provavelmente mais do que justifica suas recém-encerradas férias de meia década.

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Downey Jr. é Harold, um ladrão que, fugindo da polícia, entra sem querer num teste para um filme policial. A cena requer que ele se culpe pela morte de um parceiro – e como Harold acabou de deixar o seu próprio morrer com um balaço, a interpretação resultante é um arraso. Despachado para Los Angeles com agente, papel e convites para festas, ele surge à beira de uma piscina, numa imagem que evoca o clássico Crespúsculo dos Deuses: Harold é, afinal, aquela entidade primordial do noir que se convencionou chamar de o sujeito errado, no lugar errado e na hora errada. Sua simples presença na festa, onde ele conhece o investigador particular “Gay” Perry (Kilmer, melhor do que nunca), é o suficiente para que se enrole em múltiplos homicídios, apropriações de identidade e segredos que envolvem mulheres fatais e seus pais demasiadamente carinhosos. O diretor divide o filme em capítulos estanques, à moda de Chandler (intitulados A Dama do Lago, A Irmãzinha e assim por diante, em tributo aos romances de seu ídolo). Mas Harold não tem nada do estoicismo chandleriano: é um anti-herói que apanha sem classe e não enxerga um palmo adiante do nariz. Quando encontra alguma pista, é porque ela fez o favor de trombar com ele. Shane Black, ao contrário, talvez seja esperto demais. Fosse seu filme mais batido e menos inspirado, talvez estivesse ganhando na bilheteria americana não o quase completo desprezo, e sim o prestígio que merece.

Isabela Boscov
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Publicado originalmente na revista VEJA no dia 30/11/2005
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2005

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BEIJOS E TIROS
(Kiss Kiss Bang Bang)
Estados Unidos, 2005
Direção: Shane Black
Com Robert Downey Jr., Val Kilmer, Michelle Monaghan, Corbin Bernsen, Dash Mihok, Larry Miller, Shannyn Sossamon

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