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Isabela Boscov

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Amaldiçoada

No Oeste, Dakota Fanning come o pão que o diabo amassou

Por Isabela Boscov Atualizado em 9 ago 2017, 20h08 - Publicado em 9 ago 2017, 20h06

Na igreja, de costas para o púlpito enquanto fala em linguagem de sinais com a filha pequena, a jovem muda Liz (Dakota Fanning) ouve pela primeira vez a voz do novo pastor (Guy Pearce), e seu semblante se transforma: é preciso fugir imediatamente, diz ela ao marido, um fazendeiro mais velho, viúvo da primeira mulher. O marido não compreende o desespero, nem quando ali mesmo, antes que os fiéis possam retornar para casa, uma mulher entra em trabalho de parto e Liz, que é a parteira local, perde a criança – ou, mais precisamente, escolhe perder a criança, para que a mãe sobreviva. Tornada ovelha negra do povoado do dia para a noite por incitação do pastor, Liz será a causa involuntária de várias desgraças. E, à medida que o filme retrocede no tempo, em capítulos que recebem nomes bíblicos, vê-se que o infortúnio vem de muito antes, e está sempre em seus calcanhares. Está, também, longe de terminar.

Amaldiçoada
(N279 Entertainment/Divulgação)

Antes de mais nada, é bom esclarecer: apesar do título, Amaldiçoada, que ficou inédito no circuito nacional e há pouco entrou no NOW e em outras plataformas, não é um filme de terror, e sim mais um dos muitos faroestes revisionistas que vêm revigorando o gênero. A exemplo de A Salvação (na Netflix), estrelado por Mads Mikkelsen e dirigido pelo dinamarquês Kristian Levring, ou de Oeste Sem Lei (no NOW), com Michael Fassbender, do escocês John McLean, Amaldiçoada carrega nos simbolismos religiosos para inverter o retrato habitual do Oeste do século 19: não mais o lugar em que a civilização vai substituindo a selvageria, como se pintava na era de ouro do western, mas sim como o lugar em que uma violência permanente e sem freios avança junto com a fronteira. Da mesma forma, no faroeste contemporâneo as mulheres deixaram de ser o porto seguro dos homens, e agora aparecem como de fato eram – as vítimas mais frequentes e infelizes, embora não as únicas, desse clima de violência e lei incerta. Dakota Fanning, que está com 23 anos e vem retomando a carreira (na época de Guerra dos Mundos, em 2005, ela era a atriz-mirim obrigatória do cinema americano), dá uma bela performance como Liz, enquanto Guy Pearce pisa fundo na caracterização do pastor cheio de fogo e enxofre. Curiosadade: tanto Carice Van Houten quanto Kit Harington (a Melisandre e o John Snow de Game of Thrones) têm participações relevantes em dois segmentos do enredo.

Amaldiçoada
(N279 Entertainment/Divulgação)

O mais interessante, porém, é mesmo a ambientação criada pelo diretor holandês Martin Koolhoven: nas cidades ou nas fazendas salpicadas nas pradarias e nas montanhas, os personagens tentam criar alguma ordem, mas o caos sempre emerge – nas mortes terríveis e inúteis, na lama da criação dos porcos, na neve que cobre tudo ou na secura do deserto, não há como vencer a precariedade da vida na fronteira. Enfim, volta e meia topo com alguém que torce o nariz para faroeste, mas insisto: quem não vê não sabe quanta coisa boa está perdendo.

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Amaldiçoada
(N279 Entertainment/Divulgação)

Trailer

https://youtu.be/C4jxNnIM_Hs

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AMALDIÇOADA
(Brimstone)
Estados Unidos/Holanda/França/Alemanha/Bélgica/Suécia/Inglaterra, 2016
Direção: Martin Koolhoven
Com Dakota Fanning, Guy Pearce, Kit Harington, Carice Van Houten, William Houston, Paul Anderson, Ivy George

 

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