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Isabela Boscov

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“A Noite Devorou o Mundo”: sozinho na Paris dos zumbis

Mais do que um terror, o filme sobre um rapaz trancado num prédio de apartamentos é uma história sobre um pavor – o da solidão

Por Isabela Boscov 12 jul 2018, 19h39

Sam (Anders Danielsen Lie) apareceu na casa da ex só para pegar uma caixa com seus pertences, mas encontrou uma festa rolando e uma recepção não muito amigável por parte do novo namorado dela. Chateado, ele se tranca em um dos quartos, e sem querer adormece. Barulhos estranhos o despertam: quando sai, o apartamento está um caos, com coisas quebradas por todos os lados. Está também vazio – e com as paredes e o chão lavados em sangue. Confuso, Sam olha pela janela, e descobre que o inimaginável aconteceu: o apocalipse zumbi chegou a Paris. Mas A Noite Devorou o Mundo (que título sensacional!), que está em cartaz nos cinemas, não é propriamente um filme de terror; é sobre o mais aterrorizante dos destinos – a solidão.

A Noite Devorou o Mundo
(Califórnia/Divulgação)

Quando entende o que se passou durante a noite, Sam fica mais ansioso do que amedrontado, o que é uma piscadela interessante do diretor e co-roteirista Dominique Rocher para o fato de que, com uma cultura pop hoje tão obcecada com a ideia de um apocalipse zumbi, a concretização dele não chegaria a ser uma surpresa. É quase um alívio: agora aconteceu, e pronto; não é preciso mais ficar à espera. Metódico, Sam trata de, antes de mais nada, trancar a entrada do prédio (os zumbis são silenciosos, mas correm muito e reagem a qualquer ruído ou movimento) e isolar os apartamentos que contêm mortos-vivos. Depois, recolhe comida e utilidades; faz inventário do que tem à mão; limpa a casa para torná-la habitável de novo. Ouve música, toca instrumentos, exercita-se nos corredores. Faz amizade, digamos assim, com um zumbi preso atrás de uma grade: pouco a pouco, a solidão terrível vai se insinuando nessa rotina, até levar a desenvolvimentos inesperados. A cena final parece deixar as coisas em aberto. Mas pense bem nela. É um lance de mestre, que me fez lembrar aquele final intensamente debatido de Família Soprano. Nada a ver, mas tudo a ver – a lógica é a mesma.

A Noite Devorou o Mundo
(Califórnia/Divulgação)

Depois fiquei pensando que, embora A Noite Devorou o Mundo seja o mais atípico dos filmes ou séries de zumbi, ele de certa forma vai direto ao coração do tema e da relevância que ele ganhou. Nos planos hipotéticos que cada um de nós traça para essa eventualidade quando assiste a The Walking Dead, por exemplo (onde eu me refugiaria? qual a melhor arma para ter à mão? como garantir água potável quando o abastecimento parar?), em geral a mais significativa das variáveis fica de fora – no momento em que acabar a excitação, ou pelo menos a ocupação, de criar métodos de sobrevivência, que cara vai ter a paisagem da vida que está pela frente? Provavelmente, a mesma cara da vida que, nestes últimos anos, fez os mortos voltarem à vida com força total – esse sentimento de desconexão, de isolamento, de indiferença e de segregação que torna a ideia tão presente.

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A NOITE DEVOROU O MUNDO
(La Nuit A Dévoré le Monde)
França, 2018
Direção: Dominique Rocher
Com Anders Danielsen Lie, Golshifteh Farahani, Denis Lavant
Distribuição: Califórnia
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