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A Assassina

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 22h48 - Publicado em 7 Maio 2016, 18h34

Não entendi muita coisa, mas achei deslumbrante

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O diretor taiwanês Hsiao-Hsien Hou estava havia oito anos, desde A Viagem do Balão Vermelho, sem lançar um filme. Consta que todo esse tempo foi consumido na preparação do hipnótico A Assassina: prepare-se para entender pouco (ou às vezes nada) do enredo além do básico, e também para não ligar a mínima para isso, já que provavelmente você vai estar ocupado demais embasbacando-se com a reconstituição algo fantástica, como que de sonho, da China do século IX. Hou é fascinado pelas lendas do período da dinastia Tang, e esta é uma releitura pessoal de uma delas: aos 10 anos, a aristocrata Yinniang (Shu Qi, trabalhando pela terceira vez com o diretor) é entregue a uma monja, que a treina nas artes marciais e faz dela uma exímia assassina, usada para aniquilar líderes regionais corruptos ou que ameacem o poder do império. Yinniang ultrapassou sua mestra em habilidades, mas não em frieza. Quando a monja ordena que ela elimine Tian (Chang Chen, outro ator habitual de Hou), o senhor da província de Weibo, que um dia fora prometido de Yinniang, ela hesita.

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O cinema chinês muito frequentemente se volta para o passado histórico, mas a fidelidade dos detalhes, aqui, é notável. A Assassina pode ser também descrito como um filme de wuxia – de artes marciais –, mas as lutas não se parecem em nada com as de O Tigre e o Dragão, por exemplo: são repentinas, curtas, brutais e dispensam os efeitos especiais costumeiros. São feitas na raça mesmo. Combine-se a tudo isso o apuro visual sem comparação de Hou (se você conhece algo das gravuras tradicionais chinesas, repare, como ele reproduz a linguagem delas em imagens de dar tontura de tão bonitas), e tem-se um híbrido difícil de decifrar, mas magnífico de ver.

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Mesmo quem tem bastante familiaridade com o cinema chinês feito a partir da chamada “Quinta Geração”, a de cineastas como Zhang Yimou e Chen Kaige, que estourou a partir da década de 80 (e da qual Hou é contemporâneo), vai boiar um bocado aqui. A Assassina é repleto de elipses de tempo e de sentido que, imagino, devem ser bem mais facilmente preenchidas por quem tem algum conhecimento das histórias tradicionais e da maneira como Hou talvez as relacione com o presente. A dinastia Tang, que foi do começo do século VII ao começo do século X, foi um período de grande refinamento cultural, expansão territorial e produção de riqueza na China, mas, na fase retratada aqui, estava declinando em razão de intensa disputa política e desagregação governamental. É possível, ou até provável, que Hou esteja fazendo uma parábola com a China de hoje. Outro aspecto intrigante (e não muito comum no cinema chinês) é que aqui são as personagens femininas que dão as cartas: a assassina, a monja e a mulher de Tian. Na dúvida, tente não se fixar demais na trama: olhe, sature-se com a beleza e você vai entender por que Hou saiu do Festival de Cannes com o prêmio de direção.

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Trailer


A ASSASSINA
(The Assassin/Nie Yinniang)
Taiwan/Hong Kong/China/França, 2015
Direção: Hsiao-Hsien Hou
Com Shu Qi, Chang Chen, Sheu Fang-Yi, Zhou Yun, Tsumabuki Satoshi, Juan Ching-Tian, Hsieh Hsin-Ying
Distribuição: Imovision

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